AUDIODESCRIÇÃO E O PÚBLICO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Autores

  • Bárbara Cristina dos Santos Carneiro

Resumo

A Audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução intersemiótica que está inserida nos estudos de Tradução Audiovisual, uma vez que signos imagéticos são transformados em signos acústicos, ou seja, imagens se tornam palavras, assim como postulam Diaz Cintas e Franco. Pode ser aplicada em qualquer produto cultural que tenha seu conteúdo visual ou audiovisual cerceado devido a alguma limitação sensorial por parte do público alvo, as pessoas com deficiência visual. Apesar de o público alvo da AD serem pessoas cegas ou com baixa visão, entende-se que outros públicos também podem se beneficiar com esta ferramenta de acessibilidade, de acordo com a norma de AD espanhola UNE. As necessidades dessa audiência são prioritárias no momento da produção do roteiro de audiodescrição. O roteiro da AD é o texto que será produzido antes de ser lido e gravado ou apresentado nos produtos como filmes (TV e cinema), teatro, performances de dança, museus, bem como qualquer outra obra visual ou audiovisual. O presente trabalho apresentará as conclusões da pesquisa de mestrado da presente autora, que procurou identificar as possíveis lacunas de compreensão produzidas pelo roteiro de AD para deficientes visuais quando direcionado a pessoas com deficiência intelectual (DI). A pesquisa contou com a participação de12 alunos de duas APAEs brasileiras, Salvador e São Paulo, que assistiram a três curtas-metragem e responderam a questionários de compreensão narrativa. Seis alunos da cidade de Salvador e seis de São Paulo contribuíram com o estudo, e, após análise dos relatos dos estudantes, concluímos que uma AD voltada para esse público deva ser mais explícita, de acordo com Costa e sua reflexão sobre uma audiodescrição mais interpretativa. O trabalho corroborou com a afirmativa, postulada pela norma espanhola, porém não confirmada cientificamente, de que a AD auxilia as pessoas com DI. Também constatou que o roteiro produzido é insuficiente para as necessidades desse novo público, sendo necessário um roteiro adequado ao público estudado. Ainda que o estudo feito pela presente autora tenha sido de grande importância para os estudos da área, abrangendo o uso desse modo de tradução a outro público em potencial, ainda é necessário entender melhor as pessoas com a deficiência intelectual para que outro estudo sistemático comprove as impressões feitas pela autora a fim de produzir uma AD eficiente para esse público. Uma vez que tratamos de criar imagens mentais em pessoas que tem seu órgão visual comprometido, entender como as palavras são retratadas e concebidas pelo público alvo deve fazer parte da tarefa do tradutor pesquisador. Após o referido estudo, a autora, atualmente, pretende propor um parâmetro de audiodescrição para as pessoas com deficiência intelectual. Ainda que esse público não tenha um comprometimento visual, sua capacidade cognitiva de fazer abstrações e fazer conexões entre informações dadas é limitada. Quando um indivíduo deficiente intelectual assiste um filme, em vários casos, por exemplo, não consegue se concentrar no conteúdo e dispersa sua atenção com bastante facilidade. A atual pesquisa tem como objetivo recriar o roteiro de audiodescrição dos filmes trabalhados na pesquisa mencionada acima a fim de verificar se as conclusões atingidas por Carneiro de fato auxiliariam na melhor compreensão por parte do público com deficiência intelectual.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo Tradução Intersemiótica