MILES E FLORA: A SUBJETIVIDADE INFANTIL EM THE TURN OF THE SCREW/ THE INNOCENTS
Resumo
The turn of the screw é uma obra clássica, podendo ser considerada um texto gótico. Essa obra de Henry James tem como uma de suas principais características o seu grande teor ambíguo, causando discussão acerca de seu enredo. Muitos inclusive ainda questionam se ela seria uma história de aparições sobrenaturais ou se trata-se da narração por uma personagem de mente perturbada, com fantasmas que só aparecem no campo psicológico. Essa pesquisa procurou demonstrar o caráter ambíguo dessa história, através de exemplos retirados da novela e da adaptação cinematográfica de 1961, Os Inocentes, do diretor Jack Clayton, tendo como base trabalhos científicos da área de teoria literária, estudos acerca do gótico e um estudo de psicanálise. Buscou-se realizar um estudo acerca da relação entre cinema e literatura através dos dois textos, levando em conta a ambiguidade presente nas obras e de que forma o leitor/espectador pode ser conduzido à múltiplas interpretações. O principal foco consistiu em analisar os personagens Miles e Flora a partir do contexto em que se encontram, sua descrição pela narradora (no caso do texto literário) e sua caracterização quanto a performance dos atores (no texto audiovisual ), seu papel e desenvolvimento ao longo da história e sua relação com o ambiente e demais personagens, à medida que os dois contribuem para o teor ambíguo da narrativa. Antônio Cândido (1976, p.54), afirma que embora o personagem não seja elemento único do romance, “o enredo existe através das personagens; as personagens vivem no enredo.” No mesmo texto, o autor diz ainda que as ideias, os valores e significados de uma história estão atrelados ao enredo e aos personagens, uma vez que estes vivem a ideia, e no caso de The turn of the screw, a ideia vivida e passada pelos personagens, especialmente Miles e Flora, seria condicionada à subjetividade da criança. A influência das crianças já tem início no próprio título da novela, visto que, em seu prólogo, os personagens da primeira camada narrativa (um recurso metaficcional, visto que há uma narração dentro de uma narração) chegam à conclusão de que uma história de fantasmas tem um teor mais perturbador se há nela a participação de uma criança, sendo esse fato “uma volta no parafuso”. Posteriormente, há o veredito de que duas crianças em tal tipo de narrativa seriam então “uma outra volta ao parafuso”. No caso do filme “Os Inocentes” essa influência não deixa de existir. Do contrário, torna-se mesmo mais clara, sendo este um adjetivo direcionado aos dois personagens, Miles e Flora, uma vez que a inocência é o principal traço inicialmente atribuído a eles. Essa caracterização, no entanto, torna-se duvidosa ao longo do filme, devido a subjetividade infantil apresentada no filme e que é o objetivo de exposição desse trabalho. Os personagens Miles e Flora não só movem o enredo, uma vez que eles são a razão da narradora entrar em suas vidas e escrever sua história como também contribuem substancialmente para imprimir ambiguidade na construção da trama. Sendo assim, esse trabalho buscou investigar de que forma essa impressão acontece na novela e no filme, bem como as múltiplas interpretações que podem ser feitas.Downloads
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Publicado
2017-09-27
Edição
Seção
Comunicações Breves Eixo Tradução Intersemiótica