ENTRE A TRADIÇÃO E A TRADUÇÃO: DIÁLOGO CARNAVALESCO ENTRE HAMLET E SOM E FÚRIA

Autores

  • Clara Mayara de Almeida Vasconcelos

Resumo

Este trabalho tem por objetivo comparar a microssérie Som e Fúria (2009), dirigida por Fernando Meirelles, a qual se configura como uma Tradução Intersemiótica dos textos shakespearianos. Por meio de sua transmutação para o meio audiovisual, ela se apresenta ao espectador como uma tradução da tradição, pois se muda o suporte tradicional pelo qual a peça era encenada (teatro) para uma nova mídia (televisã). O corpus deste trabalho será composto pelos dois primeiros episódios da microssérie Som e Fúria, referentes a morte de Lourenço Oliveira, possuindo como categorias analíticas a Carnavalização de Bakhtin, além da Tradução Intersemiótica e Tradução da Tradição, sendo essas duas últimas categorias complementares. Os debates a serem promovidos no desenvolvimento deste trabalho centrarão as suas discussões de acordo com a Semiótica da Cultura de linha Russa, para que possamos compreender essa relação intersemioses que foram promovidas sobre a peça Hamlet, especificamente, de William Shakespeare, e que resultaram na construção de novos signos por intermédio de uma nova linguagem, que é a microssérie brasileira. O que demarca a mudança de linguagem na adaptação, ou mudança na tradição de sua tradução e, consequentemente, uma mudança no que concerne a aspectos culturais. Pois, Som e Fúria traz para a cultura brasileira aspectos referentes à cultura inglesa, no que concerne ao texto-fonte. A partir disso, ao entendermos que a cultura também se configura como um texto e que a sua fronteira não impede o diálogo entre os diversos tipos de textos, além de sua moldura ser esponjosa, perceberemos que a arte é um produto cultural e por isso as suas fronteiras não são fechadas. Isto permitirá que analisemos os textos de dentro para fora, o que os possibilitará observar para o quê eles “apontam”. O quadro teórico aqui utilizado para o desenvolvimento da pesquisa centra-se nas considerações de Bakhtin (1999), Ingarden (1977), Machado (2003) e Lotman (1978) entre outros. Para tratarmos das questões referentes ao conceito de carnavalização, nos apoiaremos no trabalho de Bakhtin intitulado A Cultura Popular na Idade Média e Renascimento: o contexto de François Rabelais, para que possamos compreender como elementos característicos da Idade Média e Renascimento são transpostos para o meio audiovisual, compondo parte da simbologia de sua narrativa. No tocante a semiótica da cultura de linha russa, utilizaremos Ingarden e Irene Machado; Ingarden discutirá questões relacionadas à mobilidade do signo teatral, como elementos presentes no texto literário se comportam quando são encenados; Irene Machado nos apresentará a escola de semiótica russa por meio da experiência de Tartu-Moscou e a sua importância para o estudo da cultura. Yuri Lotman, por sua vez, nos dará as suas contribuições para o desenvolvimento das discussões acerca da linguagem audiovisual, discussões estas que também estão inseridas no cerne da semiótica da cultura, a qual surge a partir dos estudos promovidos pela experiência de Tartu-Moscou e que tem como precursores os estudos bakhtinianos sobre o dialogismo e o signo ideológico. Sendo assim, podemos caracterizar esta pesquisa como de cunho qualitativo, a partir de revisão bibliográfica que propiciará a compreensão dos aspectos culturais do texto traduzido e da tradução por meio da relação referencial que eles estabelecem entre si.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo Tradução Intersemiótica