ANÁLISE DE PARATEXTOS EDITORIAIS EM OBRAS BRASILEIRAS TRADUZIDAS PARA O INGLÊS E O ESPANHOL (2000-2017)

Autores

  • Maria Helena Pereira Gomes
  • Marta Pragana Dantas

Resumo

Este trabalho apresenta resultados do projeto de pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC/ PIVIC) intitulado Tradução, história e desigualdades literárias: estudo de projetos tradutórios de obras brasileiras traduzidas. O estudo empreendido consistiu na análise de paratextos editoriais de traduções de obras brasileiras realizadas durante o período de 2000 a 2017, com o intuito de verificar como a literatura brasileira é introduzida na cultura de chegada e apresentada ao seu público. De acordo com Gérard Genette (2001), os paratextos estão relacionados à maneira de tornar a obra presente, propõem o livro como tal a seu leitor, contribuindo para sua recepção e consumo. Em outras palavras, constituem elementos que orientam a percepção do leitor, colaborando para a aquisição e leitura do texto. Genette (2001) subdivide o paratexto em duas categorias: peritexto (ligado a aspectos como capa, quarta capa, folha de rosto e anterrosto, orelhas, prefácios, posfácios, introduções autorais ou alográficas, notas, glossários) e epitexto (relacionado ao suporte mediático, a exemplo de entrevistas e críticas). A análise debruçou-se sobre elementos relacionados ao epitexto, como capa, folha de rosto e ficha catalográfica, buscando averiguar nas traduções recentes (2000-2017) a imagem literária (e, portanto, cultural) do Brasil no exterior, assim como analisar até que ponto houve mudanças no que diz respeito às imagens associadas à cultura brasileira. Para esta pesquisa, foram selecionadas treze obras traduzidas para o inglês e dez para o espanhol, a fim constituir o corpus de análise. A seleção foi feita conforme disponibilidade do livro traduzido em formato digital. Foram utilizados alguns questionamentos apresentados por Torres (2011) nos seguintes termos: como se apresenta a tradução?; o que nos mostra o paratexto?; o texto traduzido apresenta-se como tradução assumida? O termo tradução assumida – assumed translation – é apresentado por Toury (1995) para se referir ao texto apresentado e aceito por uma cultura como tradução, mesmo que não seja um texto traduzido. É possível dizer que, das capas traduzidas para o inglês, seis remetem ao estereótipo do clima tropical em que o Brasil é visto no exterior, e, das capas traduzidas para o espanhol, apenas uma remetem a essa imagem cristalizada. Porém, essas imagens podem indicar cuidado pela parte editorial ao relacioná-las com o conteúdo das obras. Observou-se que das vinte e três traduções analisadas, sete apresentam-se como assumidas desde a capa, sendo quatro da língua inglesa e três da língua espanhola. O fato de as traduções para o inglês apresentarem o nome do tradutor na capa contraria o que Venuti (1995) afirma a respeito da “invisibilidade do tradutor” no contexto editorial dos Estados Unidos. O autor realiza um estudo crítico da situação da tradução nos países de língua inglesa; segundo ele, a fluência do texto traduzido nos EUA costuma deixar o tradutor transparente, invisível no texto. No caso das traduções analisadas no ambito desta pesquisa, ocorreu o contrário no que diz respeito à capa: dão visibilidade ao tradutor para mostrar que já são reconhecidos por outros trabalhos, o que lhes confere certo prestígio e consideração, ou seja, já são tradutores consagrados. Com relação às informações contidas na folha de rosto, somente uma obra do inglês e uma do espanhol especificam que o idioma de origem é o português brasileiro.

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Publicado

2017-09-27

Edição

Seção

Comunicações Breves Eixo Tradução, Trasnferência Cultural e Circulação