Considerações sobre tradução, autoria e ética a partir de traduções de “Hills like white elephants” de Ernest Hemingway
Palavras-chave:
autoria, tradução, cultura, éticaResumo
A tradução, enquanto intervenção cultural, tem ganhado cada vez mais importância no cenário contemporâneo, em que eventos sociais, culturais e políticos adquirem proporção global e, paradoxalmente, em que práticas visam à preservação do individual e do local. Nesse cenário contemporâneo, após os avanços dos Estudos da Tradução, a tradução deixa de ser vista como uma mera transposição de palavras, passando a ser reconhecida como uma prática social historicamente situada e inserida em um sistema cultural complexo (EVEN-ZOHAR, 2012). Ao se analisar a prática da tradução, é possível notar que ela carrega consigo alguns dilemas: O que traduzir? Como traduzir? Para quem traduzir? Ao tomar uma determinada obra carregada de aspectos culturais, o tradutor pode optar por um, dentre vários caminhos possíveis. No entanto, cada caminho leva a escolhas diferentes, que configuram a tradução como uma prática autoral com implicações éticas. Dessa forma, é importante reconhecer o papel de autor desempenhado pelo tradutor através de suas escolhas, já que a tradução não se trata de uma equivalência textual, mas, sim, de uma prática social situada que atua não só mediando, mas também criando cultura. Assim como as concepções de autoria são intimamente ligadas a fatores sociais, históricos e culturais, sendo a autoria um construto, as concepções de tradução também o são. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é propor reflexões sobre a responsabilidade do tradutor, na sociedade contemporânea, como mediador cultural pelos efeitos da recepção de seus textos. Reforça-se que a tradução constrói cânones, literaturas e culturas; pode tanto levar o leitor até a cultura de origem, quanto trazer a cultura de origem até o leitor (VENUTI, 1995). Não só isso, a tradução também auxilia no desenvolvimento de literaturas, de sociedades, estabelece novas ideias, novos gêneros, novos padrões, e edifica o poder de uma cultura sobre outra, como pode, até mesmo, silenciar uma cultura.Downloads
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