Fã-tradução e tradução oficial na narrativa de Jogos Vorazes
Palavras-chave:
Fã-tradução, Tradução oficial, Domesticação, EstrangeirizaçãoResumo
Seguindo o modelo de tradução amadora voltada para a divulgação de notícias com fins humanitários, a fã-tradução surgiu inicialmente como forma de reação às censuras realizadas pelos canais oficiais nas obras traduzidas. Praticada por indivíduos interessados em compartilhar mídias e trabalhos que, de outra forma, não chegariam ao nosso meio, a fã-tradução tornou-se uma atividade recorrente, sendo praticamente indispensável para vários grupos de fãs espalhados pelo mundo. Ela serve como uma ferramenta de divulgação de obras e notícias relacionadas ao objeto de admiração de determinado grupo, sendo realizada por pessoas que, geralmente, não recebem qualquer tipo de compensação financeira. No mercado editorial, a fã-tradução oferece a fãs em potencial um modo acessível e gratuito de descobrir obras pouco conhecidas e acompanhar outras que, dificilmente, seriam traduzidas para a língua desse leitor. Ou seja, a fã-tradução dá ao leitor desconhecedor de uma língua estrangeira a possibilidade de fruição de uma obra que, de outra forma, estaria longe de seu alcance. Essa forma de tradução ganhou espaço e notoriedade, suprindo uma lacuna que as editoras não conseguem preencher (ou não têm interesse). Nesse contexto, o presente trabalho se propõe a analisar uma tradução realizada por fãs relacionando-a com a sua tradução oficial, no intuido de observar similitudes e diferenças bem como estratégias tradutórias utilizadas pelos tradutores responsáveis. O corpus do trabalho é composto pela tradução oficial e pela a fã-tradução do best-seller distópico Jogos Vorazes (The Hunger Games), de autoria da estadunidense Suzanne Collins. Os dois textos serão analisados à luz da definição de Lawrence Venuti (2002, 2004) sobre a invisibilidade do tradutor na obra traduzida, e também das estratégias de domesticação e estrangeirização que caracterizam, em diferentes graus, as traduções. O resultado do trabalho mostra que na fã-tradução predomina a estrangeirização, ao passo que a tradução oficial opta por uma domesticação geral, mantendo-se perto da cultura de chegada e uniformizando a narrativa.Downloads
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Publicado
2018-03-01
Edição
Seção
Tradução, Transferência Cultural e Circulação