“A coisa está ficando feia”

o consumo da carne de baleia no Brasil entre a História e Antropologia (1960-1963)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54373

Palavras-chave:

Alimentação, Consumo, Classes populares, Carne de baleia

Resumo

O presente artigo procura situar a entrada da carne de baleia no mercado brasileiro entre 1960 e 1963. Inicialmente favorecida pela ideia de “novidade”, o produto rapidamente caiu no “desgosto popular” e se tornou símbolo da carestia e da escassez de alimentos no período. Assim, a partir de interpretações relacionando História Social e Antropologia do Consumo, o que pretende se mostrar aqui é que as explicações para a rejeição da carne de baleia como forma complementar da dieta das classes populares devem partir dos sistemas de valores dos sujeitos, relativizando dessa forma as posições de economistas marginalistas ou de nutricionistas do período.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Fernando Cauduro Pureza, Universidade Federal da Paraíba

Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História pela Universidade Federal da Paraíba (PROF-História). Coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisa em História do Trabalho (GEPEHTO).

Referências

BAYLY, Christopher Allan. “As origens do Swadeshi (indústria doméstica): tecidos e a sociedade indiana de 1700 a 1930”. In: APPADURAI, Arjun. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural. Niterói: Ed. UFF, 2008. p. 357-399.

BORTONE, Elaine de Almeida. O Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e a Ditadura Empresarial-Militar: os casos das empresas estatais federais e da indústria farmacêutica (1964-1967). Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: PPGHIS-UFRJ, 2018.

DOUGLAS, Mary. ISHERWOOD, Baron. O mundo dos bens: para uma antropologia do consumo. Rio de Janeiro: UFRJ, 2006.

DOUGLAS, Mary. “O mundo dos bens, vinte anos depois”. Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, v. 13, n. 28, p. 17-32, jul./dez. 2007.

EDMUNDSON, William; HART, Ian. A história da caça de baleias no Brasil: de peixe real a iguaria japonesa. Barueri: DISAL, 2014.

FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes. Vol. 1: ensaio de interpretação sociológica. São Paulo: Globo, 2008.

FRIEDMAN, Milton. A theory of the consumption function. Nova York: Princeton University Press, 1957.

GODELIER, Maurice. L’idéel et le matériel: pensée, économies, sociétés. Paris: Champs Essais, 2010.

HOGGART, Richard. As utilizações da cultura 1: aspectos da vida da classe trabalhadora. Lisboa: Editorial Presença, 1973.

HOGARTH, Rana A. Medicalizing blackness: making racial difference in the Atlantic world, 1780-1840. Chapel Hill: North Carolina Press, 2017.

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de Despejo. São Paulo: Ática & Francisco Alves, 1960.

LEACH, Edmund. “Aspectos antropológicos da linguagem: categorias animais e insulto verbal”. In: DAMATTA, Roberto (Org.). Edmund Leach. São Paulo: Ática, 1983. p. 170-198.

KISHIWADA, Hitoshi. A pesca da baleia no Brasil. Nichirei Corporation, 2007.

OLIVEIRA, Francisco de. Crítica à razão dualista e O ornitorrinco. São Paulo: Ed. Boitempo, 2006.

PUREZA, Fernando Cauduro. “Isso não vai mudar o preço do feijão”: as disputas em torno da carestia em Porto Alegre (1945 a 1964). Tese de Doutorado. Porto Alegre: Programa de Pós-Graduação em História, UFRGS, 2016.

ORLOVE, Benjamin S. “Meat and Strenght: The Moral Economy of a Chilean Food Riot”. Cultural Anthropology. v. 12, n. 2, p. 234-268, 1997.

OSLUND, Karen. “Protecting fat mammals or carnivorous humans? Towards an environmental History of whales”. In: Historical Social Research. Vol. 29, n. 3. The frontiers of environmental History. Munique: Leibnitz Institute for the Social Sciences, Center for Historical Research, 2004. p. 63-81.

SAHLINS, Marshall. “La pensée bourgeoise: a sociedade ocidental enquanto cultura”. In: SAHLINS, Marshall. Cultura e razão prática. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. p. 166-203.

THOMPSON, Edward P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

THOMPSON, Edward P. A formação da classe operária inglesa: volume 2, A maldição de Adão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

VEBLEN, Thorstein. “A teoria da classe ociosa”. In: VEBLEN, Thorstein. Os pensadores. Ed. Abril, 1985. p. 3-214.

Downloads

Publicado

2020-11-18

Como Citar

PUREZA, F. C. “A coisa está ficando feia”: o consumo da carne de baleia no Brasil entre a História e Antropologia (1960-1963). Saeculum, [S. l.], v. 25, n. 43 (jul./dez.), p. 296–310, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54373. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/srh/article/view/54373. Acesso em: 25 abr. 2024.