Perigos internos
espiões paraguaios e insurreições numa investigação da Polícia paulista (1865)
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n47.63754Palabras clave:
Guerra do Paraguai, Tranquilidade pública, Polícia, EscravidãoResumen
Em julho de 1865, o Chefe de Polícia de São Paulo, João José de Andrade Pinto, expôs ao Presidente da Província os resultados de sua investigação sobre uma denúncia de que os paraguaios visavam desestabilizar a campanha brasileira na guerra a partir de dentro, mobilizando os escravos das fazendas paulistas a se insurgirem contra a escravidão. Para investigar o caso, o Chefe de Polícia teve que passar alguns dias em Santos, onde surgiu a denúncia a respeito dos planos paraguaios e em cujo porto esses estrangeiros, então inimigos, desembarcariam. Durante a sua estadia na cidade, ele desempenhou o chamado “expediente fora da capital”, buscando extrair informações localmente e expedir, reservadamente, correspondências e orientações relativas ao fato para os agentes policiais de outras partes da província. O principal objetivo deste trabalho é contribuir para a história da polícia no Brasil ao analisar a condução e as conclusões dessa investigação policial. Considera-se que o episódio ajuda a entender, ao lado da atuação da Polícia paulista, a configuração da instituição policial no Império e o policiamento brasileiro durante o Oitocentos, em tempos de escravidão.
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