Entre símbolos, mistérios e a cura: plantas místicas dos quintais de uma comunidade rural piauiense
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1981-1268.2018v12n1.33196Resumo
O ser humano sempre dependeu dos vegetais para a sua sobrevivência, desde necessidades basais até simbólicas, procurando na natureza as soluções para os males que o afligia. Nesse sentido, o objetivo desse estudo foi levantar as plantas de uso místico cultivadas nos quintais da comunidade rural Aroeiras, Monsenhor Hipólito-PI, bem como suas indicações terapêuticas. Para isso, os dados foram coletados através de excursões que incluíram entrevistas semiestruturadas e turnês-guiadas pelos quintais, os quais foram selecionados por amostragem “bola de neve”. Ao todo, 71 quintais foram averiguados e em 85,91% destes havia algum tipo de vegetal cultivado com indicação mística. Logo, a pesquisa possibilitou registrar 12 espécies místicas pertencentes a 8 famílias botânicas, sendo a família Cactaceae a mais expressiva, com 5 diferentes espécies. As plantas mais encontradas nos quintais foram: Jatropha gossypiifolia, Melocactus zehntneri, Sansevieria trifasciata var. laurentii, Cereus jamacaru e Ruta graveolens. Portanto, pode-se constar que, dentro da miscelânea de usos dos recursos naturais, a cura para o corpo e para o espírito por meio do uso de plantas se mostrou notória na comunidade, fazendo-se necessário o registro e a valorização desta prática, essencial à conservação e manutenção da diversidade biológica e cultural.