Os microrganismos nos programas e manuais escolares do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico português

Autores

  • Paulo Mafra
  • Graça Simões de Carvalho
  • Nelson Lima

Palavras-chave:

Microrganismos, Escola primária, Currículo, Livros Didáticos

Resumo

A temática dos microrganismos é de relevante importância, considerando o contributo destes seres vivos para o bem-estar humano e para a natureza de uma forma mais geral. A abordagem aos microrganismos nos programas e manuais escolares deve ser eficaz de forma a satisfazer a curiosidade das crianças e a contribuir para o aumento da sua literacia científica num mundo em constante mudança em que a biotecnologia está profundamente impregnada no nosso quotidiano. Neste estudo analisou-se a temática “microrganismos” nos programas nacionais e nos manuais escolares da área curricular de Estudo do Meio do 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB) e da disciplina de Ciências da Natureza do 2º CEB do sistema de ensino português. Os resultados obtidos indicam que a abordagem ao tema no programa e manuais escolares do 1.º CEB é incompleta, ou praticamente inexistente, embora se tenham identificado vários conteúdos em que a temática poderia ser abordada. No 2.º CEB o tema surge de forma explícita mas incompleta, sendo os microrganismos abordados maioritariamente na sua ação negativa para o Homem e para o ambiente, sendo deixado para segundo plano o papel benéfico de muitos microrganismos, por exemplo, na produção de alimentos, no combate à doença e à poluição. O estudo evidenciou a necessidade de que a abordagem a estes seres vivos seja iniciada nos primeiros anos de escolaridade de forma a evitar o aparecimento futuro de potenciais obstáculos à aprendizagem e a promover o aumento da literacia científica das crianças.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alves, G. e Carvalho, G.S. 2007. A reprodução humana nos manuais escolares do 1º ciclo do ensino básico. Em Lopes, J. Bernardino; Cravino, José Paulo, ed. lit. – “Contributos para a qualidade educativa no ensino das ciências do pré-escolar ao superior: actas do Encontro Nacional de Educação em Ciências, 12, Vila Real, Portugal, 2007” [CD-ROM]. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 203-212.

Astolfi; JP., Darot, É., Vogel, Y.G. e Tousaint, J. 2000. Práticas de Formação em Didáctica das Ciências. Lisboa: Instituto PIAGET.

Bachelard, G. 1938. La Formation de L’Esprit Scientifique. Paris: Vrin.

Byrne, J. e Sharp, J. 2006. Children’s ideas about micro-organisms. School Science Review, 88(322), 71-79.

Byrne, J. 2011. Models of Micro-Organisms: Children’s knowledge and understanding of micro-organisms from 7 to 14 years old. International Journal of Science Education, 1, 1-35.

Brigas, M. 1997. Os manuais escolares de Química no Ensino Básico: opiniões dos professores sobre a sua utilização. Dissertação de Mestrado (não publicada). Universidade de Aveiro.

Campanário, M. e Otero, J. 2000. La Comprensión de los Libros de Texto. Em Perales, P. e Cañal, P. (2000). (Ed.) Didáctica de las ciencias experimentales. Alcoy: Editorial Marfil, S.A.. 323-338.

Carvalho, G. S., & Clément, P. (2007). Relationships between Digestive, Circulatory and Uniary System in Portuguese Primary Textbooks. Science Education International, 18(1), 15-24.

Carvalho, G.S., Mafra, P. & Lima, N. 2015. Percepções de crianças de 10 a 12 anos sobre os efeitos benéficos e prejudiciais dos microrganismos. In: Livro de Atas do 3º Congresso internacional em Saúde – Atenção Integral à Saúde, UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil, s/p. (ISSN: 2317-9449).

Carvalho, G. S., Silva, R., Lima, N., Coquet, E., & Clément, P. 2004. Portuguese primary school children’s conceptions about digestion: identification of learning obstacles. International Journal of Science Education, 26(9), 1111-1130. doi: 10.1080/09500690420001772

Clément, P. 1998. La biologie et sa didactique. Dix ans de recherches. Aster. Paris: INRP, 27, 57-93.

Clément, P. 2003. Didactique de la Biologie: les obstacles aux apprentissages. Em G.S. Carvalho et al., Saberes e Práticas na Formação de Professores e Educadores. Braga: Universidade do Minho, 139-154.

Clément, P. 2004. Science et idéologie : exemples en didactique et épistémologie de la biologie. Paper presented at the Colloque Science - Médias – Société., Berne.

Duckworth, E., Easley, J., Hawkins, D. e Henriques, A. 1990. Science Education: a minds-on approach for the elementary years. London: Lawrence Erlbaum.

Gérad, F. e Roegiers, X. 1998. Conceber e avaliar manuais escolares. Porto: Porto Editora.

Gillen, A. L. e Williams, R. P. 1993. Dinner date with a microbe. American Biology Teacher, 55(5), 268-274.

Giordan, A. e De Vecchi, G. 1987. Les origines du savoir – des conceptions des apprenants aux conceptions scientifiques. Paris: Delachaud et Niestlé.

Jones, M. G. e Rua, M. J. 2006. Conceptions of germs: Expert to novice understandings of microorganisms. Electronic Journal of Science Education, 10(3).

Lock, R. 1996. Educating the “New Pasteur”. School Science Review, 78, 63-72.

Mafra, P. 2012. Os Microrganismos no 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico: Abordagem Curricular, Conceções Alternativas e Propostas de Atividades Experimentais. Tese de Doutoramento. Braga: Instituto de Educação, Universidade do Minho.

Mafra, P. e Lima, N. 2009. The Microrganisms in the Portuguese National Curriculum and Primary School text Books. Em Mendez-Vilas, A., ed. lit. – “Current research topics in applied microbiology and microbial biotechnology: proceedings of the International Conference on Environmental, Industrial and Applied Microbiology (BioMicroWorld2007), 2, Seville, Spain, 2007”. Hackensack: World Scientific Publishing, cop. 2009. ISBN 978-981-283-754-7. p. 625-629.

Mafra, P., Lima, N. & Carvalho, G.S. 2015. Experimental activities in primary school to learn about microbes in an oral health education context. Journal of Biological Education, 49 (2), 190-203 (DOI: 10.1080/00219266.2014.923485) (IF: 0.269).

ME – Ministério da Educação. 2001. Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais. Lisboa: ME - Departamento de Educação Básica.

ME – Ministério da Educação. 2004. Organização Curricular e Programa: Ensino Básico – 1º Ciclo (4ª edição revista). Lisboa: ME- Departamento de Educação Básica.

Palma, M.I. 2005. Educação Ambiental: a formal e a não formal. Contributos dos centros de recursos de Educação Ambiental para a formação das crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Tese de Mestrado. Departamento de Ciências Integradas e Língua Materna. Instituto de Estudos da Criança. Universidade do Minho, Braga.

Santos, M. E. 2001. A Cidadania na “Voz” dos Manuais Escolares – O que temos? O que queremos? Lisboa: Livros Horizonte.

Scaechter, M. Kolter, R. e Buckley, M. 2004. Microbiology in the 21st century: Where are we and where are we going? A report for the American Academy of Microbiology. Washington, DC: American Society for Microbiology.

Silva, J.L. 2007. Natureza da ciência em manuais escolares de ciências da natureza, de biologia e de geologia: imagens veiculadas e operacionalização na perspectiva dos professores e autores. Tese de Doutoramento. Braga: Universidade do Minho.

Simonneaux, L. 2002. Analysis of classroom debating strategies in the field of biotechnology. Journal of Biological Education, 37(1), 9-12.

Teixeira, F., Couceiro, F, Veiga, L, Martins, I. 1999. A Educação Científica veiculada por manuais escolares de Estudo do Meio do 1.º CEB, no que respeita à reprodução humana. Em Trindade, V. (coord.). Actas do VI Encontro Nacional de Docentes – Educação em Ciências da Natureza. Évora: Universidade de Évora. 277-288.

Downloads

Publicado

2016-12-20

Como Citar

MAFRA, P.; CARVALHO, G. S. de; LIMA, N. Os microrganismos nos programas e manuais escolares do 1.º e 2.º Ciclo do Ensino Básico português. Gaia Scientia, [S. l.], v. 10, n. 2, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/gaia/article/view/33204. Acesso em: 24 abr. 2024.

Edição

Seção

Ciências Ambientais