Guildas tróficas de aves em fitofisionomias distintas associadas à Mata Atlântica na Floresta Nacional de Ibura, Nordeste do Brasil

Guildas de aves da Floresta Nacional de Ibura

Resumo

A Mata Atlântica foi devastada nas últimas décadas, resultando em uma paisagem altamente fragmentada. Embora esse processo possa levar ao declínio de muitas espécies, também pode beneficiar algumas, como as formas mais generalistas que podem se adaptar melhor a ambientes mais abertos. O presente estudo investigou a influência de três fitofisionomias (Mata Atlântica sazonal semidecídua, plantações de eucalipto e campos abertos) nas guildas tróficas de aves da Floresta Nacional de Ibura, no estado de Sergipe, nordeste do Brasil. Os dados sobre a ocorrência de aves nas três áreas foram coletados entre agosto de 2012 e maio de 2013, usando o método de lista MacKinnon, com campanhas de amostragem quinzenais de três dias. Foram registradas 91 espécies de aves, sendo Thraupidae, Tyranidae e Ardeidae as famílias mais ricas em espécies. A diversidade de espécies de aves foi mais semelhante entre a plantação de eucalipto e o campo aberto, do que a floresta. A diversidade de todas as guildas variou significativamente entre as fitofisionomias. A área de Mata Atlântica quase sempre apresentava a menor riqueza de espécies de aves nas guildas tróficas em comparação com as demais fitofisionomias, em muitos casos, com diversidade significativamente reduzida. Os frugívoros não se associaram sistematicamente à floresta nativa, o que pode estar relacionado a impactos antropogênicos locais associados à exploração de recursos naturais, resultando em maior riqueza de espécies no plantio de eucalipto e em campo aberto. Os resultados do presente estudo reforçam o potencial da Floresta Nacional de Ibura para a conservação da fauna aviária da região. No entanto, destaca também a necessidade da implementação de medidas efetivas de manejo para a consolidação da vegetação natural e esforços mais concretos para a conservação das aves locais.