A literatura como gesto de resistência em “O sagrado pão dos filhos”, de Conceição Evaristo
Palavras-chave:
Literatura afro-brasileira, Conto, Crítica, Resistência, Círculos de leituraResumo
Conceição Evaristo é uma escritora afro-brasileira de grande relevância no cenário nacional atual, sobretudo por construir uma literatura de resistência voltada para as questões etnorraciais e de gênero, num movimento interseccional que envolve também a categoria de classe. Sua produção literária, no geral, é pautada na sua vivência de mulher negra submetida às condições de subalternização diversas no Brasil e pela evocação da memória de seus ancestrais africanos como forma de construir um contradiscurso sobre a luta dos negros no nosso país. Neste artigo, apresentamos o nosso discurso de compreensão do conto “O sagrado pão dos filhos”, do livro Histórias de leves enganos e parecenças, resultante de nossa leitura e interpretação desse texto e da experiência de leitura compartilhada num círculo de leitura com participantes do evento Memórias de Baobá, em Fortaleza. Utilizamos como fundamento da análise literária do conto os dispositivos da crítica literária, da abordagem bakhtiniana da linguagem e da análise do discurso francesa. Podemos dizer que o conto “O sagrado pão dos filhos” foi percebido em sua tessitura estética complexa e reveladora de como a literatura constrói o humano, configurando um gesto decolonial, que faz ecoar vozes silenciadas subjacentes ao processo de subalternização racial tanto econômico quanto simbólico.
Downloads
Referências
BAKHTIN, Mikhail; Volochínov, V. N. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.
BARTHES, Roland. O prazer do texto. Tradução de J. Guinsburgl. São Paulo: 2008. (Elos, 2)
BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986. BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
BOSI, Alfredo. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das letras, 2002.
_____. Narrativa e resistência. In: Revista Itinerários, Araraquara, n° 10, 1996. p. 23. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/itinerarios/article/viewFile/2577/2207>. Acesso em: 13 jun. 2017.
COSSON, Rildo. Círculos de leitura e letramento literário. São Paulo: Contexto, 2014.
DICIONÁRIO Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013. Disponível em:<https://www.priberam.pt/dlpo/magn%C3%B3lia>. Acesso em: 24 jun. 2018.
DUARTE, Eduardo de Assis; LOPES, Elisângela. Conceição Evaristo: literatura e identidade. In: Literafro: o portal da literatura afrobrasileira. UFMG, 2018. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/29-critica-de-autores-feminios/199-conceicaoevaristo-literatura-e-identidade-critica>. Acesso em: 22 out.2018.
EVARISTO, Conceição. Histórias de leves enganos e parecenças. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
_______. O entrecruzar das margens - gênero e etnia: apontamentos sobre a mulher negra na sociedade brasileira. In: DUKE, Dawn. (Org.). A escritora afro-brasileira: ativismo e arte literária. Belo Horizonte: Nandyala, 2016, p. 100/110.
_______. Literatura negra: uma poética da nossa afro-brasilidade. Scripta. Belo Horizonte, v. 13, n. 25, 2009, p. 17-31.
LIMA, Juliana Domingos de. Conceição Evaristo: Minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra (Entrevista). Jornal Nexo, 2017. Disponível em:<https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/05/26/>. Acesso em: 10 out. 2018.
MAINGUENEAU, Dominique. Cenas da enunciação. POSSENTI, Sírio; SOUSA E SILVA, Maria Cecília Perez de. (Orgs.) São Paulo: Parábola Editorial, 2008.