Reflexões sobre o disforme e o grotesco em “Bárbara”, conto de Murilo Rubião

Autores

  • Antonia Marly Moura Silva
  • Vilmária Chaves Nogueira Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Palavras-chave:

Bárbara, Conto, Grotesco, Riso, Corpo

Resumo

O presente artigo tem como propósito realizar uma leitura do conto “Bárbara”, do escritor mineiro Murilo Rubião, destacando o motivo do grotesco expresso na imagem monstruosa do corpo da personagem central, bem como o riso como traço ligado ao grotesco e ao sentimento de angústia. Nesse sentido, nos embasamos em pensamentos de Bakhtin (1987), Hugo (2010), Kayser (2013), Connelly (2015) e Thomson (2019) principalmente em conceitos imbricados na abordagem analítica do conto. Na leitura pretendida, buscamos mostrar como a ficção muriliana se apropria de metáforas que potencializam o grotesco, especialmente no que se refere a representação do feminino. Desse modo, nosso interesse maior volta-se para aspectos ligados à construção da imagem da protagonista. Sob tal perspectiva, buscamos analisar as metáforas ligadas a construção do corpo da personagem e seus sentidos simbólicos dentro do constructo do enredo, mostrando, sobretudo como tais elementos culminam para a configuração do riso grotesco. Por fim, podemos dizer que “Bárbara” é um conto que nos permite refletir sobre problemáticas significativas do contexto atual como, por exemplo, a imagem do corpo grotesco na literatura, o riso de horror, o disforme e a ironia sobre o padrão social de corpo imposto a mulher, assim como sua posição nas esferas particular e pública.

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Biografia do Autor

Antonia Marly Moura Silva

Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (USP); Docente do Departamento de Letras Vernáculas, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Letras/UERN. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2939-0626

Vilmária Chaves Nogueira, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Doutoranda em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9807-4846

Referências

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Publicado

03.06.2021

Edição

Seção

DOSSIÊ: O FANTÁSTICO E A (DE)FORMAÇÃO DO RISO