A POÉTICA DE GUILHERME MANDARO NO CONTEXTO DA DITADURA MILITAR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.10382156

Palavras-chave:

Geração mimeógrafo, Ditadura Militar, Guilherme Mandaro, contracultura, poesia marginal carioca

Resumo

O presente artigo tem como objetivo analisar a obra de Guilherme Mandaro (1952-1979) em seus aspectos estéticos e políticos no contexto da Ditadura Militar. Partindo do mimeógrafo e suas reverberações na memória e na literatura de uma geração, analisamos inicialmente o contexto no qual se deu a geração literária denominada marginal e, posteriormente, apresentamos o autor, considerado um dos principais precursores dessa produção nos anos 1970. O termo “marginal” dentro da poesia relaciona-se não a uma determinante classe social marginalizada, mas em relação direta aos meios de produção literária utilizada e sua concepção situada às margens dos cânones. Assim, ampliou os caminhos da arte em geral, descentralizando-a de antigos paradigmas, fruto do período de um imenso atomismo vivido em fins da década de 1960. A pesquisa qualitativa de cunho bibliográfico se dá através dos rastros deixados pelo poeta em sua breve e intensa existência, perscrutados através de sua participação no coletivo “Nuvem Cigana” (1972-1980) e nas obras poéticas Hotel de Deus (1976) e Trem da noite (1979). Sua poética advém dos ecos urbanos originados do Modernismo brasileiro, da contracultura norte-americana, do rock, do carnaval de rua carioca, entre miríades de possibilidades advindas das experiências alçadas por essa geração. O poeta desvela o movimento literário marginal na contramão dos cânones oficiais da literatura, das formas de se fazer oposição à Ditadura Militar e, em uma perspectiva ampla, une-se à juventude contracultural do Ocidente, utilizando a poesia como artefato de contestação do sistema capitalista e tecnocrático.

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Biografia do Autor

Patrícia Marcondes de Barros, Universidade Estadual de Londrina

Doutora em História e Sociedade (Identidades Culturais, Etnicidades, Migrações) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP, 2007), com trabalho sobre a imprensa alternativa de cunho underground, proliferada nos anos de ditadura militar. Mestre em História e Sociedade (Política: Ações e Representações), pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/FAPESP, 2002) com trabalho sobre a imprensa alternativa no Brasil, tendo como eixo norteador, as obras do jornalista e escritor Luiz Carlos Maciel. Especialista em História Social, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL,2000), com trabalho monográfico sobre identidade nacional e Tropicalismo. É autora do livro "Panis et Circenses": a ideia de nacionalidade no Movimento Tropicalista (EDUEL, 2000) e organizadora dos livros "Sol da Liberdade" (Editora Vieira & Lent, 2014) de autoria do jornalista, roteirista de TV e filósofo, Luiz Carlos Maciel e Transas da Contracultura Brasileira (com a pesquisadora Ísis Rost, Editora Passagens, 2020).  Atualmente, suas pesquisas abarcam a Produção Literária Independente brasileira na década de 1970, A formação Docente na contemporaneidade e o Ensino de História e Linguagens. É doutoranda em Estudos Literários (Universidade Estadual de Londrina). Realizou estágio Pós-Doutoral em Estudos Literários (PNPD-CAPES) pela Universidade federal de Uberlândia e em Literatura, Cultura e Tradução pela Universidade Federal de Pelotas (PNPD-CAPES).Possui graduação em Letras e História.

Marcelo Fernando de Lima, Universidade Tecnológica do Paraná

Professor-associado da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) - Câmpus Curitiba, atuando no Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação (DALIC), nas graduações de Letras e e Comunicação Organizacional, no Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens (PPGEL) e na coordenação da Especialização em Literatura Brasileira e História Nacional (LBHN) e Língua Portuguesa e Literatura (CELLI). 

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Publicado

19.12.2023

Edição

Seção

DOSSIÊ: A LITERATURA SOBRE AS DITADURAS NO CONE SUL