UM MAR DE SENTIDO NUM MAR DA LITERATURA CABO-VERDIANA

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DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2024v26n1.69277

Palavras-chave:

Mar; Múltiplos Sentidos; Literatura Cabo-verdiana.

Resumo

Este artigo visa objetivar os múltiplos sentidos que o mar enforma na literatura cabo-verdiana. Para tal, efetua-se uma análise literária de excertos textuais, em prosa e líricos, de autores cabo-verdianos, sobretudo dos modernistas. Assim, a partir de excertos de obras de autores como Baltasar Lopes, Manuel Lopes, Jorge Barbosa, Teixeira de Sousa, passando por outros das gerações do Suplemento Cultural e dos Novíssimos, pudemos perscrutar os diferentes sentidos que o mar vai adquirindo na literatura e na cultura cabo-verdianas. Da análise empírica empreendida, pudemos pontuar, dentre outros, que este item lexical simboliza ganha-pão, caminho, subtração, evasão, confidente, identidade, regresso, vida, tragédia... Sempre que possível, fomos referindo e estabelecendo analogias com outras literaturas de caráter universal ou outras que nos são próximas dada a nossa relação histórica e cultural. Do mesmo modo, através da interdisciplinaridade, recorremo-nos, ainda que pontualmente, à música e a outras áreas de atividade humana e cabo-verdiana, como à gastronomia, à música, ao folclorismo, para dissecarmos como a palavra é observada na nossa cultura. Deste modo, por tudo o que ficou demonstrado, através das análises, corroboramos com a tese de que a literatura cabo-verdiana e a sua cultura são essencialmente marítimas como foi defendido pelo ensaísta português Alfredo Margarido (1980). Sinalizou-se, por outro lado, um conjunto de textos poéticos de outros autores nos quais se devem centrar os estudos num tempo futuro para se aperceber se esses significados descortinados continuam a irromper-se.

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Publicado

30.12.2024

Edição

Seção

MUSEU DE TUDO 3: TEMA LIVRE