Direito na Sociedade da Informação: Paradoxos da Sociedade em Rede – Coletividade X Individualismo nas Comunidades Reais e Virtuais
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1678-2593.2019v18n38.41706Abstract
Visa-se compreender as noções de sociedade em rede, coletivismo, individualismo e os reflexos no direito, discutindo especialmente as ideias de Fritjof Capra e Castells que, através de diferentes abordagens, convergem para o mesmo pensamento de que o mundo seria uma grande rede onde todos estão interligados, em conexões locais, dentro de outras globais, sendo o principal desafio saber qual o papel do direito nesse contexto. O objetivo é investigar esse pensamento na sociedade da informação pelo método da revisão bibliográfica das obras dos autores citados e de outros das áreas das ciências sociais, jurídicas e da ciência da informação. Conclui-se: (i) que as perspectivas desses autores não podem ser definidas como científicas, porque não descrevem ou representam a realidade, mas, ao contrário, enquadram-se na categoria prescritivo-filosófica, por indicarem comportamentos que consideram adequados para um mundo melhor, em suas visões; (ii) diferentemente do pensamento de Fritjof Capra e Manuel Castells, de que todos estão interligados e que são igualmente importantes para a convivência e sobrevivência harmônica e equilibrada, e de que não haveria níveis de superioridade de uns sobre os outros na perspectiva global, no mundo real o que mais se observa é o solipsismo, ainda que se possa admitir a ocorrência de alguma rede virtual efêmera; (iii) no contexto da realidade e não da idealidade dos referidos autores, o papel do direito permanece de difícil precisão ou objetivação, tanto em razão da dificuldade ou impossibilidade de conceituá-lo univocamente, como a teoria piramidal sempre pretendeu, quanto porque ele não apenas se expressa como também é apreendido e utilizado de formas diversas, encontrando-se em permanente processo de adequação e modificação, imposto pelos novos desafios da sociedade da informação, não podendo ser coisificado e nas realidades em redes vem sendo chamado a atender novas relações, perspectivas e interesses.Downloads
References
BARRETO JR, Irineu Francisco. Paradoxos entre regulação da mídia e liberdade de expressão na sociedade da informação. In: Anais do VII Congresso Brasileiro de Direito da Sociedade da Informação. 2014. p. 23-30.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p.50.
BROWN, LESTER. Estado do Mundo, 2000. Salvador: UMA Ed., 2000. BROWN, LESTER R.; Plano B 4.0: mobilização para salvar a civilização. São Paulo: New Content, 2009.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. Tradução. Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 1999.
CAPRA, Fritjof. Sabedoria incomum. Tradução Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Editora Cultrix, 1992.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. Trad. Álvaro Cabral. São Paulo: Editora Cultrix, 1998.
CARDOSO, Gustavo; CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: do conhecimento à acção política. Imprensa Nacional–Casa da Moeda: Belém-Portugal, 2005.
CASTELLS, Manuel, A. Sociedade em Rede. "Tradução de Roneide Venâncio Majer." São Paulo, Editora Paz e Terra ,1999.
DESCARTES, René; CIVITA, Victor. Discurso do método: Meditações: Objeções e respostas: As paixões da alma; Cartas. Abril Cultural, 1973.
BURREL, G; MORGAN, Gareth. Sociological Paradigms and Organizational Analysis. Heineman, London, l979.
GETSCHKO. Demi. A influência da tecnologia digital no direito da sociedade da informação. Palestra proferida 31.03.17 pelo programa de mestrado em Direito na Sociedade da Informação do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas- FMU.
KHUN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. Tradução Beatriz Vianna Boeira e Nelson Boeira; Revisão: Alice Kyoto Miyashiro; Produção: Ricardo W. Neves e Adriana Garcia. São Paulo: Ed. 1996.
LATOUR, Bruno. Se falássemos um pouco de política? Revista Sociologia_04, p.11-40
LISBOA, Roberto Senise. Direito na sociedade da informação. Revista dos Tribunais, ano, v. 95, p. 106, 2006.
ROMESÍN, Humberto Maturana; GARCÍA, Francisco J. Varela. De máquinas e seres vivos, autopoiese: a organização do vivo. (Trad. Juan Acunã Llorens) Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
NASCIMENTO, Elimar Pinheiro. Trajetória da sustentabilidade: do ambiente ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados, 26 (74), 2012, p. 51-64.
NIETZSCHE, Friedrich. Cinco prefácios para cinco livros não escritos. Tradução Felipe Sussekand. Rio de Janeiro 7 Letras, 2007.
SMUTS, J. C. (1996). Holism and evolution. New York: The Gestalt Journal Press (Original de 1926).
TEUBNER, Gunther. Direito e teoria social: três problemas. Tempo Social, v. 27, n. 2, p. 75-101, 2015.