A Anormalidade nos Domínios Biopolíticos

“A Organização de Assistência aos Psicopatas de Pernambuco” (1931)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54337

Palavras-chave:

História da Loucura, Ulysses Pernambucano, Biopolítica

Resumo

Este artigo se insere na problemática geral dos efeitos que o medo de uma possível reprodução e expansão da loucura impôs aos médicos psiquiatras e ao Estado de Pernambuco no início do século XX. A loucura ingressava, ao lado das grandes doenças epidêmicas, como o novo perigo a ser evitado e combatido. Deste modo, nosso objetivo é identificar as descontinuidades das concepções médicas sobre loucura, atentando para o aparecimento das primeiras instituições de assistência, tratamento e profilaxia da doença mental no estado. Buscaremos analisar e caracterizar os princípios políticos e médicos que guiaram a elaboração e funcionamento da “Organização de Assistência aos Psicopatas de Pernambuco”. O que queremos indicar é que o aparecimento da categoria do “anormal” no final do século XIX favoreceu a emergência de uma nova governamentalidade preocupada não somente com o adestramento de corpos individuais, mas agora, com a vida e os hábitos da população, uma categoria politicamente importante para os projetos de modernização do Estado. Trata-se da estruturação de uma biopolítica da população pernambucana.

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Biografia do Autor

Rafael Santana Bezerra, Universidade Federal de Pernambuco

Rafael Santana Bezerra é doutorando em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Professor efetivo da Secretaria de Educação do Estado da Paraíba e do Município de Paulista - PE.

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Publicado

2020-11-18

Como Citar

BEZERRA, R. S. A Anormalidade nos Domínios Biopolíticos: “A Organização de Assistência aos Psicopatas de Pernambuco” (1931). Saeculum, [S. l.], v. 25, n. 43 (jul./dez.), p. 93–110, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54337. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/srh/article/view/54337. Acesso em: 23 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: A nova história (bio)política: sobre as capturas e as resistências