"Em nome da pátria e da glória”
a formação do 1.º Corpo de Voluntários da Pátria (Pernambuco, 1865)
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.54361Palavras-chave:
Pátria, Guerra do Paraguai, PernambucoResumo
Em fins de 1864, o Brasil entrou em um longo e penoso conflito contra o Paraguai. Como os recursos bélicos (tanto materiais quanto humanos) eram escassos, o governo imperial lançou mão de todos meios ao seu alcance para arregimentar tropas e enviá-las para o teatro de operações: convocou a Guarda Nacional, intensificou o recrutamento forçado para o Exército e, apelando para o patriotismo dos cidadãos, criou os corpos de Voluntários da Pátria. Esperava-se que os homens aptos em pegar em armas cumprissem ao pé da letra o preceito constitucional de garantir a Independência e a integridade do Império, defendendo-o dos seus inimigos externos ou internos. Em um momento conturbado como esse, palavras como pátria, patriota, patriótico e patriotismo, ocuparam o vocabulário dos cidadãos – embora o alcance do significado de cada uma dessas palavras fosse bem limitado, variando de região para região dentro de uma mesma província. Partindo de uma análise da evolução semântica da palavra pátria e a sua utilização em um momento de guerra, bem como de uma pesquisa de base empírica realizada em jornais, relatórios de presidente de província e documentos legados por outras autoridades, este artigo tem como objetivo principal discutir as práticas discursivas e simbólicas que nortearam a formação do 1.º Corpo de Voluntários da Pátria em Pernambuco, no ano de 1865.
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