"Operação Crusp"
Um assalto à autonomia universitária
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n44.56461Palavras-chave:
Ditadura militar, Repressão política, Movimento estudantil, Autonomia universitáriaResumo
É fato que, apesar das continuidades na articulação estudantil ao longo da ditadura militar brasileira, muitas das atividades realizadas pela categoria e dos espaços marcados por sua presença seriam desarticulados pela repressão. Temos por finalidade, através deste artigo, lançar luz ao processo coercitivo empreendido pelo aparato repressivo ditatorial brasileiro sobre a categoria estudantil universitária, evidenciando seus reflexos nos âmbitos coletivo e individual. Para atendermos a tal intuito, nos debruçaremos sobre a investida repressiva lançada sobre o Conjunto Residencial da USP (Crusp) em dezembro de 1968, bem como seus efeitos subsequentes, sem ignorar, porém, a importância histórica do local para a articulação da oposição e para a vivência universitária. Para tanto, optamos pelo uso de quatro tipologias documentais distintas: documentos produzidos pelos órgãos repressivos do Estado, documentos de imprensa, documentos produzidos no meio estudantil e relatos de ex-residentes do local. Com efeito, através do caso selecionado, beneficiados pela contraposição documental, buscamos contribuir para com a discussão em torno da violência institucional praticada ao longo da Ditadura, assim como levantar pontos para traçarmos algumas reflexões acerca da autonomia universitária, questão ainda em aberto em nossa atualidade.
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