Os usos do passado para um futuro inaudito
A produção histórica das cidades do Triângulo Mineiro segundo os órgãos públicos
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n44.57657Palavras-chave:
Triângulo Mineiro, Produção da história, Instituições públicasResumo
O Triângulo Mineiro foi ocupado ao longo do século XIX com a criação de arraiais e vilas, sendo que vários foram emancipados e atualmente a região possui 35 cidades. O conhecimento da história da maioria dessas cidades se dá, inicialmente, pelas fontes oficiais como os memorialistas e as produções dos órgãos públicos –Secretarias de Educação ou Cultura. O que se observa nessas produções é uma busca por recuperar o passado de modo a ratificar ações do presente e projetos futuros. A partir do levantamento das produções específicas dos órgãos públicos municipais, detectou-se sete cidades –Canápolis, Itapagipe, Iturama, Limeira do Oeste, Monte Alegre de Minas, Uberaba e Uberlândia –, com publicações (de diferentes datas) sobre a história local. Nelas, o passado da cidade é recuperado e apresentado, bem como os eventos e os personagens privilegiados e seus possíveis usos. A produção é desigual tanto na quantidade quanto no conteúdo, porém observou-se que, para além da recuperação histórica e tentativa de formação de uma versão oficial, ela é parte do trabalho de levantamento dos bens culturais para fomentar ações de valorização e educação patrimonial e pleitear maiores recursos junto às entidades de preservação do patrimônio. No exame dos textos produzidos (e divulgados) pelos órgãos públicos é latente que o passado é apresentado como referência, legitimando posições, discursos e solidificando identidades. Ele é também monumentalizado porque é tomado como instante fundador e ideal a ser restaurado para nortear as práticas dos sujeitos e grupos sociais. E a partir dessa produção, este artigo discute os modos com que o passado tem sido mobilizado para corroborar no processo de constituição de dadas memória e identidade locais.
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