A filosofia como autoconfissão involuntária: o Nietzsche de Lou Andreas-Salomé

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v12i2.71983

Palavras-chave:

Lou Andreas-Salomé, Nietzsche, Eterno Retorno, Além-do-homem, Vontade de Potência

Resumo

Este artigo explora a interpretação da obra de Friedrich Nietzsche realizada por Lou Andreas-Salomé (1992) em seu “Nietzsche em suas Obras”, com foco na leitura psicológica e existencial feita por ela dos principais conceitos nietzschianos. Salomé propõe uma ligação profunda entre vida e obra, argumentando que Nietzsche desenvolve sua filosofia como uma resposta pessoal à crise de valores do ocidente. O artigo analisa os três principais eixos interpretativos de Lou Salomé: a) a relação entre as experiências pessoais de Nietzsche e sua filosofia, vista como uma espécie de “autoconfissão involuntária”; b) o estilo multifário da obra nietzschiana, que revela um espírito fragmentado resultante do conflito e tentativa de conciliação entre várias identidades distintas (o músico, o poeta, o filósofo, o filólogo, o religioso), em permanente metamorfose e busca de autossuperação; c) a dimensão mística do “sistema” final de Nietzsche, que denuncia um ideal divino de transcendência projetado em conceitos como Eterno Retorno, Além-do-homem e Vontade de Potência. Essas análises são, ao fim, situadas na comunidade de intérpretes de Nietzsche e panoramicamente cotejadas com as interpretações de comentadores como Walter Kaufmann, Martin Heidegger, Karl Jaspers, Gilles Deleuze, Michel Foucault, Gianni Vattimo e Alexander Nehamas, revelando a originalidade e influência da perspectiva de Salomé no campo dos estudos nietzschianos.

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Biografia do Autor

Lucas Villa, Universidade Federal do Piauí

Pós-Doutorado pela Universität Hamburg, Alemanha. Doutor em Direito pelo Centro Universitário de Brasília - UNICEUB. Mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Piauí - UFPI. Professor do Departamento de Ciências Jurídicas e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Piauí.

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Publicado

2025-08-19

Como Citar

Villa, L. (2025). A filosofia como autoconfissão involuntária: o Nietzsche de Lou Andreas-Salomé. Aufklärung: Journal of Philosophy, 12(2), p.121–142. https://doi.org/10.18012/arf.v12i2.71983

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