O AVESSO DA PELE: o pacto da branquitude e a censura como estratégia de silenciamento e manutenção de poder

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46906/caos.n33.70667.p70-89

Palavras-chave:

Pacto narcísico da branquitude, censura literária, educação antirracista, Jeferson Tenório

Resumo

O presente estudo objetiva examinar as manifestações contemporâneas do pacto narcísico da branquitude no Brasil, com ênfase na censura ao livro O avesso da pele de Jeferson Tenório (2020), ocorrida em escolas de alguns estados brasileiros em 2024. A metodologia fundamenta-se em dois eixos: o conceito de pacto narcísico da branquitude, definido por Cida Bento (2022) e a análise do episódio de censura à obra de Tenório. Adicionalmente, foram realizadas análises de trechos do livro, relacionando-os com questões de estruturação e perpetuação do racismo no Brasil. A fundamentação teórica inclui contribuições de Jessé Souza (2017), Silvio Almeida (2019), Kabengele Munanga (2005) e Lélia Gonzalez (2020), proporcionando uma base para a compreensão das complexidades do racismo no contexto brasileiro. As discussões sobre o papel da literatura na educação antirracista foram embasadas por Bárbara Carine Pinheiro (2023), Chimamanda Ngozi Adichie (2019) e Conceição Evaristo (2009), ao destacar a importância de narrativas diversificadas e representativas na formação de uma consciência crítica e inclusiva. Este artigo pretende contribuir para a compreensão das dinâmicas raciais e sociais, promovendo um diálogo inclusivo e transformador atendendo ao apelo para a construção de novos pactos civilizatórios, conforme proposto por Bento (2022).

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Biografia do Autor

Eliane da Silva, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

Graduada em Letras – Libras (Língua brasileira de sinais), licenciatura plena em Libras como L1 e L2 e Língua portuguesa como L1 e L2, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Especialista em ensino e aprendizagem de línguas adicionais, com ênfase em ensino de lingua portuguesa como língua adicional, pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA). Mestra pelo programa de Pós graduação em Literatura Comparada, pela Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA). http://lattes.cnpq.br/2289336367924321.

Júlia Batista Alves, Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)

Doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/ Araraquara, 2019), na área de Ensino e Aprendizagem de Línguas. Atualmente é docente na Universidade Federal da Integração Latino-americana (UNILA), atuando no curso de Licenciatura em Letras Espanhol e Português como língua estrangeira (LEPLE) e no ensino de Espanhol como Língua Adicional pelo Ciclo Comum de Estudos (CCE). Na Unila, é membro do projeto de pesquisa "Mulheres Negras entre fronteira: Políticas Públicas e Espaços Sociais de Atuação", membra do Núcleo de Estudos Afro-Latino-Americanos (NEALA), linhas de pesquisa: Educação para as Relações Étnico-raciais e América Latina: Diáspora e Interseccionalidade (Cnpq). http://lattes.cnpq.br/3227434862031487.

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Publicado

2024-12-07

Edição

Seção

BRANQUITUDES E RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL