Da cordialidade do ódio à intrusão da ausência: a cortesia ingrata da inveja
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2237-0900.2018v14n1.42382Palavras-chave:
Literatura, Psicanálise, InvejaResumo
Oriunda dos instintos destrutivos da pulsão de morte, a inveja é um dos primeiros e mais arcaicos afetos que despertam na alma do ser humano. Ao contrário do que o senso comum habitualmente preconiza, ela comporta um aspecto estruturante e sua importância para o desenvolvimento sadio da personalidade é significativa, uma vez que, na medida certa, permite ao sujeito reconhecer suas próprias lacunas, falhas e faltas. No entanto, se a inveja atingir proporções exacerbadas, assume uma feição mortífera e as relações com o objeto interno bom tornam-se fatalmente fragilizadas. Eis o caso de Ofélia, personagem do conto A Legião Estrangeira (1964), de Clarice Lispector – que desenha um dos quadros mais perturbadoramente belos da inveja em nossas letras. Engolfada num abismo de angústia e terror, Ofélia não consegue sustentar-se e, com efeito, a inveja comparece para esgarçar sua dor, que a leva a destruir tudo aquilo que lhe evoque sentimentos de insuficiência. Destarte, numa conexão entre os estudos psicanalíticos de base (pós)kleiniana e algumas considerações de caráter sócio-histórico, pretendemos analisar, na narrativa em foco, as faces mais abjetas que a inveja, em seu teor assaz virulento e passional, pode revelar, quando a dolorosa experiência de incompletude solapa toda expressão de amor e gratidão.Downloads
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Publicado
2018-12-20
Como Citar
RODRIGUES, H. de F.; SIMEÃO, F. G. R. Da cordialidade do ódio à intrusão da ausência: a cortesia ingrata da inveja. DLCV, João Pessoa, PB, v. 14, n. 1, p. 78–94, 2018. DOI: 10.22478/ufpb.2237-0900.2018v14n1.42382. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/dclv/article/view/42382. Acesso em: 20 nov. 2024.
Edição
Seção
DOSSIÊ: Clarice Lispector (1920-1977)
Licença
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