MIRADA ANTROPOLÓGICA: criação e cumplicidade na MPB

Autores

  • Paulo de Tarso Cabral Medeiros

Resumo

Como avançar a reflexão sobre o fenômeno da música popular no Brasil - para além das categorias estéticas internas à historia da música - a fim de entrelaçá-la com seus diversos campos de audicão e recepção possíveis no espaço polifõnico das representacões na cultura urbana? Este texto ensaia apenas algumas pistas que talvez possam contribuir para ampliação do campo teórico capaz de acolher as canções populares e os modos atuais de sua escuta. refletindo sobre certas características e especificidades da música brasileira e sua permanente tensào com a indústria cultural. Para tal expòe sumariamente as idéias de Adorno a respeito da tendência à banalização e homogeneização a que estaria sujeito o ouvinte moderno no contexto das mercadorias culturais fetichizadas. Considera, a seguir, os múltiplos usos da canção, sua ambiguidade e desconforto em filiar-se aos sistemas culturais existentes. Admite a insufiaencia dos critérios estéticos e sociológicos para a compreensão do fenômeno musical de massa, e propõe o deslizamento para um olhar antropológico no sentido de formular e incorporar, como problema, a questão vital que pode, assim, designar-se: quem recebe as cançòes e de que modo sujeitos estruturalmente diferenciados reelaboram (ou não) aquilo que, segundo Adorno são "forcados a ouvir "? Menciona a idéia de via indireta (ROUANET) ilustrando-a com noções interdisciplinares como a da música como "central de desejos" (WISNIK), o cantor como porta-voz de grupos e ainda a noção de cumplicidade entre uma formação social dada a sua expressão num produto cultural. Por fim, conclui que a complexidade da questão do estudo da música popular de consumo no Brasil exige não uma generalização ampla que sufoque as peculiaridades espalhadas neste imenso palco de expectativas e pulsões, mas, inversamente, um esforço criador e multidisciplinar no sentido de buscar localizar, caso a caso, tanto a expressão do produto acabado, suas condições de produção e suas escolhas estéticas quanto o horizonte recortável que social, psíquica e historicamente reparou o advento de certas forças cantáveis, e os tipos de fluxos e reciprocidades que engendram entre criadores e ouvintes.

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Publicado

1992-01-01

Como Citar

Medeiros, P. de T. C. (1992). MIRADA ANTROPOLÓGICA: criação e cumplicidade na MPB. Informação &Amp; Sociedade, 2(1). Recuperado de https://periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/view/46

Edição

Seção

Artigos de Revisão