DO EPISTEMICÍDIO:
AS ESTRATÉGIAS DE MATAR O CONHECIMENTO NEGRO AFRICANO E AFRODIASPÓRICO
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v10i2.49136Palavras-chave:
Racismo, Branquitude, EpistemicídioResumo
A história da filosofia africana tem como um dos principais problemas justificar a sua própria existência enquanto área de pesquisa filosófica autêntica e autônoma e também, não menos importante e necessário, por mais que pareça estranho, sustentar a afirmação que pessoas negras também são seres humanos. Ao longo do percurso do colonialismo seres humanos africanos, homens e mulheres, foram transformados em meras matérias energéticas para produção de riquezas. Para que esses corpos fossem moldados ao status de simples objeto, provocando dessa forma o seu esvaziamento ontológico, foi necessário uma metamorfose que destituísse desse ser todo o seu caráter de humanidade negando-lhe principalmente a sua racionalidade. A filosofia ocidental, principalmente durante a sua fase iluminista, em muito colaborou com o esvaziamento do ser e a negação epistemológica das pessoas negras africanas, essa pratica é conhecida como epistemicídio, o processo de matar o conhecimento do outro. Na tentativa de entender esse processo e desconstruir o racismo epistêmico produzido pela filosofia ocidental esse texto estabelece um diálogo desde Foucault, Ramose, Mbembe, Arendt, Carneiro e Mills para romper com a hegemonia da branquitude e estabelecer novas maneiras de se conceber epistemologias negras a partir do resgate da memória e da afirmação do status ontológico da humanidade das pessoas negras.
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