A GUERRA NA UCRÂNIA E O RACISMO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO:

UMA ANÁLISE A PARTIR DE FRANTZ FANON

Resumo

No mundo contemporâneo, sobretudo nos últimos decênios, presenciamos o fortalecimento do discurso securitário, com ênfase na questão biológica. Guerras, encarceramentos e delimitação de fronteiras são postos em ação em nome da defesa da sociedade e de interesses econômicos contra ameaças que desequilibram a vida cotidiana, desde o campo microscópio até os princípios ‘‘civilizatórios’’. Este artigo tem por objetivo realizar uma análise da guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, evidenciando as diferentes maneiras como a sociedade Ocidental lida com a guerra em seu território e em territórios não-ocidentais, a partir, sobretudo, do conceito de sociogênese proposto pelo filósofo Frantz Fanon. Busca-se investigar de que modos o racismo estrutura a sociedade ocidental e como estabelece uma distinção entre quem é ‘‘civilizado’’ e quem é ‘‘selvagem’’, entre os lugares onde a guerra é autorizada e onde ela é motivo de horror. Oriundo do colonialismo, abordaremos como o racismo é perpetrado e alimentado na sociedade contemporânea, permitindo com que determinadas populações sejam desumanizadas em relação ao modelo hegemônico Ocidental. Para isso, enquanto tentativa de diagnóstico do presente, o artigo utiliza-se de reportagens e relatos durante o decorrer da guerra e do livro Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon, como referências principais.