O ENGANO HISTÓRICO DA EUGENIA:
DA TÉCNICA AO TRANSUMANISMO
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v14i5.67502Palavras-chave:
Transumanismo, Eugenia, Terapia genética, TécnicaResumo
Com o objetivo de identificar as contribuições da filosofia contemporânea para a discussão a respeito do desenvolvimento tecnológico e de seus impactos na ética, este trabalho analisa os avanços históricos da técnica e o conceito de eugenia, bem como apresenta como a técnica moderna se transforma e torna-se base para o surgimento do transumanismo e para o uso da técnica contemporânea a seu favor. Apresentamos como Hans Jonas e Hannah Arendt, ambos alunos de Heidegger, discutiram as implicações do desenvolvimento tecnológico e suas consequências para a sociedade e como a eugenia, em seus primeiros anos, fomentou preconceitos e atribuiu má reputação para a engenharia genética. Abordado isso, apresentamos como as terapias genéticas contribuíram para a desmistificação do conceito de eugenia e de manipulação genética ao longo dos últimos anos. Por conseguinte, trabalhamos o impacto da descoberta do Crisp-Cas9 no desenvolvimento da corrente filosófica transumanista, analisando e demonstrando como ela revela um importante debate sobre a ética e a necessidade de estabelecimento de bases sólidas para o desenvolvimento tecnológico, as quais são imprescindíveis para a fundamentação desta corrente no mundo.
Downloads
Referências
ARENDT, Hannah. A condição humana. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2015.
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2014.
BOSTROM, Nick. Human Reproductive Cloning from the Perspective of the Future. 2002. Disponível em: <https://nickbostrom.com/views/cloning.html>. Acesso em: 15 Jun. 2023.
BOSTROM, Nick. In Defense of Posthuman Dignity. Bioethics, v. 19, n. 3, p. 202-214, 2005.
BOSTROM, Nick; SAVULESCU, Julian. Human Enhancement Ethics: The State of the Debate. In. SAVULESCU, Julian; BOSTROM, Nick. Human Enhancement. Oxford: Oxford University Press, p. 211-250. 2009.
COECKELBERGH, Mark. Human Being @ Risk: enhancement, technology, and the evaluation of vulnerability transformations. New York: Springer, 2013.
COSTA, Ana Maria. Estrutura e evolução dos genomas. Ana Maria Costa, Cesar Martins. – Planaltina, DF : Embrapa Cerrados; Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica, 2009.
DECLARAÇÃO TRANSUMANISTA. Disponível em:
https://transhumanismocts.wordpress.com/tag/declaracao/ . Acesso em: 19 Jun. 2023.
EDWARDS, M. L. The cultural context of deformity in the ancient greek world: "Let there be a law that no deformed child shall be rearead". The Ancient History Bulletin, 10 (3-4): 79-92. 1996.
ENGS, R. C. The Eugenics Movement: An Encyclopedia. Greenwood Publishing Group, 2005.
FM-2030. Are you a transhuman? Monitoring and stimulating your personal rate of growth in a rapidly changing world. Warner Books Inc, NY, 1989.
FONTGALAND, Arthur & CORTEZ, Renata.. "Manifesto ciborgue". In: Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, Departamento de Antropologia. 2015. Disponível em: http://ea.fflch.usp.br/obra/manifesto-ciborgue. Acesso em: 19 Jun
FUKUYAMA, Francis (2003). Nosso Futuro Pós-humano – Consequências da revolução da biotecnologia. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
HABERMAS, Jürgen. Aclaraciones a la ética del discurso. Trad. José Mardomingo. Madrid: Trotta, 2000.
HABERMAS, Jürgen. O Futuro da Natureza Humana. A caminho da eugenia liberal? Trad. Karina Jannini. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade: ensaio de uma ética para uma civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto, PUC Rio, 2006.
JONAS, Hans. Porque a técnica moderna é um objeto para a Ética. in Natureza Humana, Revista Internacional de filosofia e Práticas Psicoterápicas. São Paulo: EDUC, v.1, n.2, p. 407-422. 1999.
JONAS, Hans. O princípio vida: fundamentos para uma biologia filosófica. Trad. Carlos Almeida Pereira. Petrópolis: Vozes, 2004.
JONAS, Hans. Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio responsabilidade. Trad. Grupo de trabalho Hans Jonas da ANPOF. São Paulo, Paulus, 2013.
HUXLEY, J. New Bottles for New Wine. Londres: Chatto & Windus, 1957.
KASS, L. (Ed.). Beyond Therapy. Biotechnology and the Pursuit of Happiness. New York: Regan Books, 2003.
KEVLES, D. J. In the Name of Eugenics: Genetics and the Uses of Human Heredity. Harvard University Press. 1995.
MARCHESE, D.M.A. Descarte de recém-nascidos com deformidades: relendo fontes primárias. Rev. Estudos de Psicologia, PUC-Campinas, v. 19, n. 3, p. 23-29, setembro/dezembro 2002
MICHELIS, Angela. La questione della tecnica: evoluzione di matrici heideggeriane nel pensiero di Hannah Arendt e di Hans Jonas. IN: Problemata — Rev.Int. de Filosofia, V.2, N.1, p.27-51. 2011.
PESSPTI, I. Deficiência mental: da superstição à ciência São Paulo, EDUSP. 1984
POFFO, R. et al. Cirurgia robótica em Cardiologia: um procedimento seguro e efetivo. Einstein. São Paulo, v. 11, n. 3, p. 296 - 302. 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/eins/a/nJHcKgb5kqynFvSsjCdWZJt/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 2 Jul. 2023.
NEDEL, José. Ética da Responsabilidade segundo Hans Jonas. In: Ética Aplicada. São Leopoldo: Unisinos, p. 146-147, 2006.
SANDEL, M. J. Contra a perfeição: ética na era da engenharia genética. Trad. de Ana Carolina Mesquita. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
SILVA, T. D. P; PINTO, G. S, Nanotecnologia e sua influência na evolução da medicina. Interface Tecnológica. v. 17 n. 2, p. 269 – 280, 2020. Disponível em:
<https://revista.fatectq.edu.br/index.php/interfacetecnologica/article/view/982/550>. Acesso em: 3 Jul. de 2023.
SIMONDON, Gilbert. Du Mode d’existence des objets techniques. Paris: Aubier, 2012a.
SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano: uma resposta à carta de Heidegger sobre o humanismo. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2000.
SCHÄFER L; LOPES, M. H. I. Do transplante de órgãos à engenharia de tecidos: A história que tem revolucionado a medicina e salvado vidas. Histórias em revista. Pelotas, v. 26, n. 26/1, p. 90 - 104 , 2020. Disponível em:
<https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/HistRev/article/view/20615/12763>. Acesso em: Acesso em: 7 Jul. de 2023.
VALVERDE, A. Princípio Responsabilidade. Dossiê Hans Jonas e a Bioética, Dissertatio - Volume Suplementar 7. UFPel, 2018.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Cassiano de Souza Morais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).