O caráter senhorial beneditino. Pernambuco, séculos XVIII E XIX

Autores

  • Robson Pedrosa Costa

Resumo

A Ordem de São Bento chegou ao Brasil ainda no século XVI e logo começou a formar um grande patrimônio, constituído principalmente a partir de doações dos fieis residentes na colônia. Entre os bens que acumularam encontramos um número cada vez maior de escravos de origem africana. Em Pernambuco não foi diferente. Chegaram a possuir cerca de 400 cativos no final do século XVIII. E no decorrer do século seguinte o número continuou relativamente estável, somando, em meados do século XIX, 350 escravos, controlados por apenas quatro monges. Eles raramente recorriam ao tráfico ou a outros senhores para renovar sua mão de obra cativa, o que sugere que utilizaram outras estratégias para manter sempre estável o quantitativo de escravos. Neste sentido, um conjunto de práticas foi construído ao longo dos séculos, pautado num discurso paternalista que visava manter seus subordinados sobre total controle. Mas não apenas os cativos foram submetidos à rede paternalista beneditina. Os próprios monges deveriam se manter fieis às regras que visavam evitar as disputas senhoriais no interior das propriedades da Ordem. A alta cúpula beneditina sabia da dificuldade de evitar as disputas senhoriais em cada mosteiro espalhado pelo Brasil. Mas era preciso evitar os excessos e extirpar do seio da instituição os usurpadores do patrimônio do Santo. Neste artigo, pretendemos adentrar neste universo constituído por uma Ordem que se pretendia apenas protetora de um patrimônio material e humano sacralizado, mas que na prática se viu impregnada por monges disputando o poder senhorial nas fazendas e engenhos do Brasil.

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Publicado

2016-12-22

Como Citar

PEDROSA COSTA, R. O caráter senhorial beneditino. Pernambuco, séculos XVIII E XIX. Religare, [S. l.], v. 11, n. 2, p. 317–342, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/religare/article/view/22272. Acesso em: 20 dez. 2024.