Triangulações objetais; enlaces fantasísticos
as arquiteturas perversas de Vênus nos flancos literários
Mots-clés :
Literatura, Sexualidade, Psicanálise, PulsãoRésumé
No século XIX, a sexualidade humana, por meio de seus múltiplos prismas, passa a ser catalogada pelos registros psiquiátricos; os quais atribuíam às práticas sexuais divergentes do intuito da reprodução, o rótulo de patologias neurológicas, que afetavam não apenas o corpo, mas, também, a conduta moral dos seus praticantes como bem nos explana Laqueur (2011). Nesse cenário, as condutas desviantes de Eros são concebidas como per -versões ou perverter, inverter a lógica da normalidade, transgredindo o campo da considerada sanidade mental. No entanto, com postulações de Sigmund Freud (1856-1939), a sexualidade humana passa a ser vislumbrada a partir de uma plasticidade performática que se imbrica com os limiares das primeiras experiencias eróticas vivenciadas no período pueril. Logo, por meio das interlocuções entre Literatura e Psicanálise, propomo-nos a desenvolver uma leitura freudiana da obra A vênus de quinze anos (1897), de Algernon Charles Swinburne (1837-1909). No corpus, os personagens Archer e Eva Letchford compõem um trio amoroso com Flossie, uma jovem de quinze anos, que passa a comandar, a partir de suas visionices eróticas, as condutas sexuais vivenciadas no relacionamento. Em meio a uma narrativa atrativa tomada pela luxuria e gozo, é possível observamos aspectos que se confrontam com os valores puritanos da época vitoriana, outorgando, assim, à Flossie, uma feminilidade subversiva e transgressora. Alguns questionamentos norteiam nossa pesquisa: quais resquícios da sexualidade infantil reverberam em Flossie e em suas relações objetais na fase adulta? Como Archer e Eva passam a se assujeitar aos deleites sexuais de Flossie?