LARES NUPCIAIS, IDÍLIOS FAMILIARES: QUANDO EROS POSTERGA A FRATERNIDADE EM “HELENA”, DE MACHADO DE ASSIS
QUANDO EROS POSTERGA A FRATERNIDADE EM “HELENA”, DE MACHADO DE ASSIS
Parole chiave:
Literatura brasileira, Psicanálise, Incesto, Machado de AssisAbstract
Desde as calendas da mitologia, deuses e heróis se enlaçam, sexual e amorosamente, com outros membros de sua própria consanguinidade – cabe lembrar o himeneu entre Zeus e sua irmã Hera; entre Édipo e sua mãe Jocasta; entre Urano e sua genitora Gaia; e o incesto fraterno entre Cronos e Reia. Arquetipicamente, tais idílios são elementos prófugos para a literatura. Não à toa, afloraram no Realismo Literário, reatualizando-se na poética de grandes nomes da historiografia literária mundial. Infiltrando-se em narrativas realísticas, bem como ultrapassando-as, Sigmund Freud anunciou que as organizações familiares e enlaces parentais se deparam, amiúde, com elaborações precárias e papéis parentais claudicantes, de modo que os ímpetos sexuais inconscientes deterioram as meras convenções sociais. Nesse corolário, debruçar-nos-emos sobre Helena (1876), escrita por Machado de Assis, uma das vozes mais insignes da literatura brasileira, a fim de vagar pela seara da incestualidade, cuja teatralização põe, em cena, os irmãos Helena e Estácio. Para tanto, recorremos a textos psicanalíticos, que urdam acerca das dinâmicas familiares (des)ordenadas, relações fusionadas e, obviamente, sobre o incesto.