UMA APRENDIZAGEM DE SI EM CLARICE:
A PRESENÇA DO ARQUÉTIPO MITOLÓGICO DE AFRODITE NO LIVRO DOS PRAZERES
Palavras-chave:
Clarice Lispector, Uma aprendizagem, Livro dos prazeres, Afrodite, arquétipo mitológico, deusa mitológica, Deusa VenusResumo
Este artigo apresenta uma leitura inovadora que mescla mitologia, literatura e psicanálise para revelar a influência que o arquétipo da deusa da beleza e do amor da mitologia greco-romana, Afrodite, exerce na busca pelo amor e na descoberta de si da personagem Lóri, em Uma aprendizagem ou o Livro dos prazeres (1969), de Clarice Lispector. Para tanto, analisaremos alguns recursos literários explorados pela escritora na construção de sua personagem, tais como epifania e a busca da identidade, bem como na sua aproximação com o animus ─ conceito junguiano ─ pela figura de Ulisses. Discutiremos, ainda, como o arquétipo feminino tem a capacidade de aclarar um processo interno para alcançar a ampliação da consciência. Esta leitura interpretativa tece uma rede de conexões com a teoria de C. G. Jung (1875 – 1961), de críticos da literatura clariciana e intérpretes junguianos, dentre eles: Benedito Nunes (1989), Olga de Sá, Robert Johnson (1996), Jean Shinoda Bolen (1990), e James Hillman (1981), de modo a demonstrar em que ponto a conexão com um arquétipo mitológico pode abrir novas chaves de interpretação da figura tanto da mulher na obra de Clarice e quanto da mulher contemporânea.