Será o pós-capitalismo contemporâneo um novo situacionismo?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v7i1.47236

Palavras-chave:

Capitalismo; fordismo; pós-capitalismo; pós-fordismo; situacionismo

Resumo

Aparentemente, é neo-situacionista o movimento pós-capitalista. Com vista à prova desta afirmação, aduz-se, em suma, o que os media dizem ser a «economia de partilha». De facto, os pós-capitalistas propõem uma interpretação das novas tecnologias da informação e da comunicação que lhes permite postular que elas acarretam a possibilidade de organizar a produção de um modo descentralizado, ou seja, sem recurso à hierarquia. Deste ponto de vista, o desenvolvimento da produção colaborativa já não obedece às forças do mercado nem à gestão empresarial. Mas o que parece ser evidente não o é, porque, na sua essência, a base da economia de mercado mantém-se enquanto tal. Efectivamente, o sistema capitalista do nosso tempo, isto é, o pós-fordismo, apropria‑se da chamada «economia de partilha».

Palavras‑chave: Capitalismo, fordismo, pós-capitalismo, pós-fordismo e situacionismo.

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Biografia do Autor

Eurico Carvalho, Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Eurico de Carvalho é, desde 1990, professor de Filosofia do Ensino Secundário, tendo adquirido os graus de Licenciado (1989), Mestre (2009) e Doutor (2018) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É também investigador do «Research Group Aesthetics, Politics and Knowledge» do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto, no quadro do qual tem desenvolvido e publicado o seu trabalho em torno do pensamento de Guy Debord.

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Arquivos adicionais

Publicado

2020-06-07

Como Citar

Eurico Carvalho. (2020). Será o pós-capitalismo contemporâneo um novo situacionismo?. Aufklärung: Revista De Filosofia, 7(1), p.79–90. https://doi.org/10.18012/arf.v7i1.47236