Notas sobre a ideia de história natural, ou: sobre o calvário do espírito absoluto
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v7i1.48251Palavras-chave:
História Natural, Filosofia da História, Aparência, CalvárioResumo
Este artigo examina o ensaio Idee der Naturgeschichte (1932), do jovem Adorno, com vistas à elucidação das suas principais teses e à delimitação do problema da filosofia da história em uma perspectiva adorniana. O trabalho faz parte dos esforços acadêmicos do autor de mapear as principais fases do pensamento de Adorno, presentes em sua tese de doutorado. Constatou-se que, desde o ensaio Ideia de história natural, o interesse de Adorno para com a filosofia da história se intensificou, ocupando quase duas décadas de reflexões, o que culminou na publicação de Dialética do esclarecimento (1944), projeto executado a quatro mãos com Horkheimer. O artigo apresenta, então, as origens do conceito de história natural, a forma com que Adorno critica a mistificação da percepção da natureza operada pela ontologia fundamental heideggeriana, o conceito de história como natureza em Lukács e o de natureza como história em Benjamin. Além disso, oferece uma interpretação da ideia de história natural de Adorno a partir da noção de aparência. A hipótese que guia esta investigação é a de que, em Adorno, a história natural é pensada a partir de uma categoria teológica mor, a de calvário. Sendo assim, a leitura dialética de Adorno do problema da relação entre a história e a natureza o leva a pensar a própria história natural como o calvário do espírito absoluto.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor. A ideia para uma sociologia da música. São Paulo: Abril, 1980.
______. Dialética negativa. Trad. Marco Casanova. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
______. Kierkegaard: construção do estético. Trad. Alvaro Valls. São Paulo: Editora UNESP, 2010.
______. Kierkegaard: Konstruktion des Ästhetischen. Frankfurt am Main: Suhrkamp,1979.
______. Negative Dialektik. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1966.
______. Philosophische Frühschriften. Band I. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1990.
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialektik der Aufklärung: philosophische Fragmente. 22° ed. Frankfurt am Main: Fischer Taschenbuch Verlag, 2016.
______. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985. Reimpressão de 2006.
ALMEIDA, Robson. Lukács, Benjamin e Adorno: leituras da posição do indivíduo na modernidade a partir da estética. Comunicação na XII Semana Acadêmica da Filosofia da PUCRS, 2013. Disponível em [ebooks. pucrs. br/edipucrs/anais/semanadefilosofia/XII/4. pdf]. Acesso em março de 2018.
BEHRENS, Roger. Adorno – ABC. Leipzig: Reclam, 2003.
BENJAMIN, Walter. O anjo da história. Organização e tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
______. “Ursprung der deutschen Trauerspiel”. In: Walter Benjamin. Gesammelte Schriften. Band I. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1991, pp. 203- 430.
BERLIN, Isaiah. As raízes do romantismo. São Paulo: Três Estrelas, 2015.
BOBKA, Nico; BRAUNSTEIN, Dirk. Die Lehrveranstaltungen Theodor W. Adornos: eine kommentierte Übersicht. IFS Working Paper #8. Heruasgegeben vom Institut für Sozialforschung. Frankfurt am Main: IFS, 2015.
BOFF, Leonardo. Como fazer teologia da libertação. Petrópolis: Vozes, 2010.
DUARTE, Rodrigo. Mímesis e racionalidade: a concepção de domínio de natureza em Theodor W. Adorno. São Paulo: Loyola, 1993.
EISLER, Rudolf. Kant lexikon. Hildescheim: Georg Olms Verlag, 1984.
ELIAS, Nobert. Zwei Reden anlässlich der Verleihung des Theodor W. Adorno-Preises 1977. Ed. de Wolf Lepenis. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1977.
HABERMAS, Jürgen. Na esteira da tecnocracia: pequenos escritos políticos XII. Trad. Luiz Repa. São Paulo: Ed. Unesp, 2014.
_______. O discurso filosófico da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
HAMM, Christian. Sobre a sistematizabilidade da filosofia da história de Kant. Veritas, Porto Alegre, v. 50, n. 1, março de 2005, p. 67-88.
HEIDEGGER, Martin. Caminhos da floresta. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998.
_______. Ensaios e conferências. 8° ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
HEGEL, Friedrich. Fenomenologia do espírito: Parte II. Trad. Paulo Meneses. Vozes: Petrópolis, 1992.
_______. Phänomenologie des Geistes. Disponível em . Acesso em julho de 2017.
HETZEL, Andreas. “Dialektik der Aufklärung”. In: Richard Klein; Johann Kreuzer;Stefan Müller-Doohm (Org.). Adorno Handbuch: Leben, Werk, Wirkung. Stuttgart: Springer-Verlag GmbH, 2011.
JAMESON, Frederic. Marxismo tardio: Adorno, ou a persistência da dialética. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Editora Unesp, 1997.
JAY, Martin. A Imaginação dialética: história da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisa Social (1923-1950). Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008.
KAFKA, Franz. Essencial Franz Kafka. Tradução e seleção de Modesto Carone. São Paulo: Penguin/ Cia das Letras, 2011.
KANT, Immanuel. Idee zu einer allgemeinen Geschichte in weltbürgerlicher Absicht. Berlinische Monatsschrift, November 1784, pp. 385-411. In: . Acesso em março de 2018.
______. Ideia de uma história universal com um propósito cosmopolita. Trad. Artur Morão. In: KANT, Immanuel. A Paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Edições 70, 2009.
LÖWITH, Karl. Nature, History, Existentialism. Evanston: North-western University Press, 1966.
SAFATLE, Vladimir. Fetichismo e mimesis na filosofía da música Adorniana. Discurso, n. 37, São Paulo, 2007.
SANTOS, Jéverton. Messianismo Tardio: Adorno e a persistência da teologia política. Porto Alegre, PUCRS, PPG em Filosofia, 2019, Tese de Doutorado em Filosofia. Disponível em http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/8670.
VAZ, Henrique de Lima. Antropologia filosófica I. 4° ed. São Paulo: Loyola, 1998.
ZUIDERVAART, Lambert. Adorno's Aesthetic Theory: the redemption of illusion. Cambridge: The MIT Press, 1991.
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Política de Direito Autoral para os itens publicados pela Revista:
1.Esta revista é regida por uma Licença da Creative Commons aplicada a revistas eletrônicas. Esta licença pode ser lida no link a seguir: Creative Commons Attribution 4.0 International (CC BY 4.0).
2.Consonante a essa politica, a revista declara que os autores são os detentores do copyright de seus artigos sem restrição, e podem depositar o pós-print de seus artigos em qualquer repositório ou site.
Política de Direito de Uso dos Metadados para informações contidas nos itens do repositório
1. Qualquer pessoa e/ou empresa pode acessar os metadados dos itens publicados gratuitamente e a qulquer tempo.
2.Os metadados podem ser usados sem licença prévia em qualquer meio, mesmo comercialmente, desde que seja oferecido um link para o OAI Identifier ou para o artigo que ele desceve, sob os termos da licença CC BY aplicada à revista.
Os autores que têm seus trabalhos publicados concordam que com todas as declarações e normas da Revista e assumem inteira responsabilidade pelas informações prestadas e ideias veiculadas em seus artigos, em conformidade com a Política de Boas Práticas da Revista.