O cristianismo e suas formas de veridicção: ressonâncias foucaultianas
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v7i2.50730Palavras-chave:
Michel Foucault, cristianismo, formas de veridicçãoResumo
A introdução do cristianismo enquanto objeto de análise na obra de Michel Foucault marca um novo momento em sua trajetória intelectual, onde o autor se compromete ao projeto de uma genealogia da ética e dos processos de subjetivação no ocidente. O objetivo deste artigo consiste em apontar a importância do cristianismo nas formulações que Foucault fez a partir da segunda metade da década de 1970, especialmente no que se refere aos seus estudos sobre ética, subjetividade e verdade. Para isso, foi analisada o desenvolvimento do tema nas obras do intelectual, em especial os cursos ministrados no College de France. Outro ponto central a discussão foram os conceitos de exolomogese e exagoreusis, formas de penitência presentes no cristianismo que apontam para um deslocamento do funcionamento dos regimes de verdade no ocidente. O deslocamento do pagamento da penitência como um ato público performático para o de uma confissão pela palavra pode ser rastreado como um ponto de ligação entre as práticas cristãs e a subjetividade moderna, no que diz respeito a produção de formas de interpretação e relação consigo mesmo a partir de dispositivos confessionais. Por fim, buscamos, a partir do pensamento foucaultiano, realizar um paralelo entre o dispositivo penitencial cristão da exagoreusis e diferentes dispositivos de saber-poder da modernidade (como o direito, a psiquiatria e a psicologia), que utilizam da alegoria confessional enquanto prática disciplinar e de produção de subjetividade e verdade.
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