A infinitude do corpo como abertura para o filosofar em Merleau-Ponty
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v7iesp.56747Palavras-chave:
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O objetivo deste artigo é refletir a relação do corpo e sua finitude para o filosofar em Merleau-Ponty. Trata-se de refletir sobre a morte como uma dimensão da finitude constitutiva do corpo próprio da qual não se pode negar ou esquivar mas como presente ao corpo em sua finitude. Desse modo, Merleau-Ponty não trata da morte em sua filosofia mas da finitude. Há uma correlação entre a filosofia de Heidegger e de Merleau-Ponty na discussão sobre a finitude o que não causa nenhum espanto, pois para os leitores destes filósofos é perceptível a influência do pensamento heideggeriano em algumas concepções da filosofia de Merleau-Ponty, seja como aproximação ou distanciamento. Em Heidegger a reflexão sobre a morte serve como fundamento para uma existência autêntica, pois preocupado com a questão do sentido do ser, realiza uma análise existencial do homem, o único ente no qual o ser se desvela. É nesse sentido que ele se propõe pensar a problemática do humano e, consequentemente, suas relações com o mundo, com os outros e com a própria finitude. Para Merleau-Ponty, a finitude é tomada como experiência da finitude do corpo próprio e como abertura ao filosofar autêntico que se abre na percepção. Quando não se considera a finitude como uma presença do corpo vive-se na periferia da existência encarnada, pois não consegue compreender nem o nascimento e nem a morte como um desenrolar de um mesmo acontecimento da vida. Essa compreensão passa pela experiência perceptiva da finitude de apreender que tanto o nascimento como a morte revelam como estamos mergulhados pelo corpo na sensibilidade. É a experiência do corpo que agora entra em cena pela experiência da finitude. Essa metamorfose ou paradoxo constitutivo deflagrado na experiência do corpo apenas atesta que a reflexão sobre a morte não se realiza num puro ato intelectual que procura pensar sobre essa dimensão que assim como o nascimento foge de nosso controle, mas é preciso compreender a finitude do corpo. A facticidade é a certeza que estamos presentes no mundo e que o tempo não está fora de nós, mas acontece por meio de nós. Desse modo, ao tecer a trama da experiência perceptiva, ele – o tempo – se torna, em sentido próprio, aquilo que nos permite compreender exatamente a pertença do mundo ao sujeito e do sujeito a si mesmo como experiência da finitude. Por isso, Merleau-Ponty insiste que não pode filosofia ignorar o problema da finitude porque seria negar a si mesma como presença que se interroga sobre a origem. Antes de se perguntar o que é a morte é preciso vivenciar a experiência da finitude que me torna presente o ato de interrogar filosófico.
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Referências
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