Contra as críticas comunitaristas de Michael Sandel ao pensamento de Rawls

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v10i2.63424

Palavras-chave:

Rawls, Sandel, Comunitarismo, Liberalismo

Resumo

Nesse trabalho se investigará uma das principais críticas ao pensamento rawlsiano, que surgiu no rescaldo da publicação de Uma Teoria da Justiça de 1971, a saber, a crítica comunitarista elaborada por Michael Sandel. Para Sandel, Rawls parte de um sujeito radicalmente desencarnado, uma unidade do self, de um sujeito humano como um agente soberano de escolha, uma criatura cujos fins são escolhidos e não dados. De acordo com Sandel, a posição original não é um contrato, mas a tomada de consciência de um ser intersubjetivo. Contra a leitura de Sandel, esse trabalho defenderá que as partes na posição original não são a afirmação de um sujeito liberal, individualizado, pois elas não são nem pensadas como pessoas reais, nem como pessoas futuras, assim como não representam quem as pessoas realmente são ou os seus verdadeiros selfs. A ideia é que a justiça como equidade se baseia em uma concepção normativa dos cidadãos e cidadãs como pessoas morais livres e iguais, mas não pressupõe qualquer concepção metafísica de pessoa. Desse modo, se argumentará que a partir das obras posteriores à Uma Teoria da Justiça ­– com a mudança na perspectiva rawlsiana de pessoas, evidenciando as duas faculdades morais (racionalidade e razoabilidade), e, a ideia de autonomia plena (pertencente aos cidadãos e cidadãs da sociedade bem-ordenada) – as críticas comunitaristas ao pensamento de Rawls caem, definitivamente, por terra.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Julio Tomé, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Catarina, PPGFIL/UFSC. Professor designado da Universidade Estadual de Montes Claros, UNIMONTES, MG.

Referências

BERCUSON, J. John Rawls and the history of political thought:the Rousseauvian and Hegelian heritage of justice as fairness.New York: Routledge, 2014.

DWORKIN, R. The Original Position. In: DANIELS, Norman (ed.). Reading Rawls. Critical Studies on Rawls’ A Theory of Justice. New York: Basic Books, 1975.

FORST, R. How (Not) to Speak about Identity. The Concept of the Person in a Theory of Justice. In: Philosophy & Social Criticism. 18(3-4), 1992, pp. 293-312. doi:.

FORST, R. Right to justification. Elements of a constructivist theory of justice. Translated by Jeffrey Flynn. New York: Columbia University Press, 2012.

FREEMAN, S. Rawls. Abingdon andNew York: Routledge, 2007.

GARGARELLA, R. As teorias da justiça depois de Rawls: um breve manual de filosofia política. Tradução de Alonso Reis Freire. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008.

GUTMANN, Amy. Liberal Equality. Cambridge: Cambridge University Press, 1980.

KRASNOFF, L. Kantian Constructivism. In: MANDLE, J.; REIDY, D. A. (eds.). A Companion to Rawls. Malden: Wiley Blackwell, 2014, pp. 73-87.

MAFFETTONE, S. Rawls: an introduction. Cambridge: Polity Press, 2010.

MANDLE, J. Rawls’s A Theory of Justice: an introduction. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.

RAWLS, J. A Theory of Justice. Original edition. Cambridge and London: Belknap press of Harvard University Press, 1971.

RAWLS, J. A Theory of Justice. Revised edition. Cambridge: Belknap press of Harvard University Press, 1999 [1971].

RAWLS, J. Fairness to Goodness. In: The Philosophical Review, Vol. 84, No. 4, pp. 536-554, 1975.

RAWLS, J. Justice as Fairness. A Restatement. Erin Kelly (ed.). Cambridge and London: Belknap press of Harvard University Press, 2001.

RAWLS, J. Justice as Reciprocity. In: RAWLS, J. Collected Papers. Samuel Freeman (org.). Cambridge and London: Havard University Press, 1999b [1971].

RAWLS, J. Kantian Constructivism in Moral Theory. In: The Journal of Philosophy, Vol. 77, No. 9, pp. 515-572, 1980.

RAWLS, J. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, 1996 [1993].

RAWLS, J. The Idea of an Overlapping Consensus. In: RAWLS, J. Collected Papers. Samuel Freeman (org.). Cambridge and London: Havard University Press, 1999c.

RAWLS, J. The law of peoples. Cambridge and London: Havard University Press, 1999d.

RAWLS, J. The law of peoples. In: Critical Inquiry, , pp. 36-68.

SALVATORE, Ingrid. Liberalism, pluralism, justice: An unresolved strain in the thought of John Rawls._In: Philosophy & Social Criticism. 2004; 30(5-6), pp. 623-641. doi:.

SANDEL, M. Liberalism and the limits of justice. Cambridge: Cambridge University Press, 1982.

SCANLON, T. M. Rawls' Theory of Justice. In: DANIELS, Norman (ed.). Reading Rawls. Critical Studies on Rawls’ A Theory of Justice. New York: Basic Books, 1975.

THOMAS, A. Rawls and political realism: Realistic utopianism or judgement in bad faith?_In: European Journal of Political Theory, 16(3), pp. 304-324, 2017. doi: .

VOLPATO DUTRA, D. J. A posição original como mediação entre Estado de Natureza e imperativo categórico: Rawls entre Hobbes e Kant. In: ethic@, Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 112-140, jun. 2014

WERLE, D. L. O liberalismo contemporâneo e seus críticos. In: RAMOS, F. C.; MELO, R. S.; FRATESCHI, Y. (Org.). Manual de filosofia política. Para cursos de teoria do Estado e ciência política, filosofia e ciências sociais. 1ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

WERLE, D. L. Vontade geral, natureza humana e sociedade democrática justa. Rawls leitor de Rousseau. In: Dois Pontos (UFPR), v. 7, p. 31-52, 2010.

Arquivos adicionais

Publicado

2023-10-31

Como Citar

Tomé, J. (2023). Contra as críticas comunitaristas de Michael Sandel ao pensamento de Rawls. Aufklärung: Revista De Filosofia, 10(2), p.109–124. https://doi.org/10.18012/arf.v10i2.63424

Edição

Seção

Artigos