Acerca do mundo administrado e a teoria dos rackets na atualidade: desregulamentação como norma no caso brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v10i2.64421Palavras-chave:
Mundo administrado, Rackets, Capitalismo de Estado, Neoliberalismo, PolíticaResumo
O artigo apresenta elementos de uma falsa dicotomia entre capitalismo administrado pelo Estado e neoliberalismo. Ao escavar a gênese de noções filosóficas e sociológicas da chamada primeira geração da Teoria crítica, busca-se elucidar o ponto de contato entre esses dois períodos do capitalismo, insistindo na prevalência e complementaridade de um par conceitual de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno: a teoria dos rackets (Racket-Theorie) e o mundo administrado (verwaltete Welt). O texto defende que as relações de produção mais palpáveis de cada conceito – o caráter aparentemente dinâmico dos rackets e a racionalidade totalitária do mundo administrado – já haviam sido tracejadas com vistas em uma complementaridade conceitual que, ao fim de tudo, antecipa as transformações mais recentes do capital, bem como a eventual reviravolta das sociedades capitalistas em fascismo. Após este passo, o artigo volta-se para uma reflexão sobre a condição brasileira na atualidade, limiar da conversão de capitalismo em fascismo, de Estado de Direito em anomia. Em outras palavras, o momento político e social do Brasil destacaria as divergências e a complementaridade entre racket e mundo administrado, ressaltando a atualidade destes conceitos no que tange aos elementos irracionais mobilizados pelas instâncias de poder de dominação sobre os sujeitos.
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