Os recônditos da modernidade: história e utopia em Kant e Adorno

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18012/arf.v11i1.68029

Palavras-chave:

Dialética, Esclarecimento, Utopia, Negatividade

Resumo

O presente trabalho almeja elucidar os sentidos do conceito de modernidade, destacando seu âmago contraditório e as implicações teórico-práticas dessa contradição. Para tanto, recorre-se às obras do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), enquanto expressão intelectual paradigmática da modernidade, na medida em que o autor põe em relevo noções que nos parecem centrais para compreender a especificidade de sua época, as quais estão reunidas nas suas reflexões sobre a História e o progresso humano, no contexto do esclarecimento que luta por se efetivar. Entende-se ser possível extrair dessas reflexões uma ideia de utopia que, malgrado necessite ser depurada de certos excessos idealistas, finda por representar uma perspectiva que dialoga com a Teoria Crítica, notadamente com Theodor Adorno (1903-1969). Este, muito embora demonstre a falência e os limites das categorias filosóficas que autores como Kant se valeram para pensar a modernidade, não descarta os conceitos em questão, mas os tensiona, visando, por fim, descortinar as perspectivas de emancipação do mundo administrado, as quais, em última instância, estavam presentes, desde sempre, no âmago do pensamento moderno.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alan Duarte Araújo, Universidade Federal de Uberlândia

Doutorando em filosofia pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), sob orientação da Professora Dra. Maria Socorro Ramos Militão. Mestre em Filosofia pela UFU e graduado em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Desenvolve pesquisas na área da filosofia política, dando ênfase às questões atinentes à dialética, em sua elaboração especulativa e histórico-materialista.

Referências

ADORNO, Theodor W. Introdução à dialética. Tradução de Erick Calheiros de Lima. São Paulo: Unesp, 2022.

ADORNO, Theodor W. Mínima Moralia. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Ática, 1992.

ADORNO, Theodor W. Palavras e sinais: modelos críticos 2. Tradução de Maria Helena Ruschel. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

ADORNO, Theodor W.; BLOCH, Ernst. Qualcosa manca… Sulle contraddizioni dell’anelito utopico. In: BLOCH, Ernst (Org.). Speranza e utopia. Tradução de Eliano Zigiotto. Milano: Mimesis, 2022, pp. 56-74.

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.

BAUDELAIRE, Charles. O pintor da vida moderna. In: COELHO, Teixeira (Org.). A modernidade de Baudelaire. Tradução de Suely Cassal. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, pp. 159-212.

BENJAMIN, Walter. Rua de mão única. Tradução de Rubens R. T. Filho e José Carlos M. Barbosa. São Paulo: Brasiliense, 1987.

BLOCH, Ernst. O princípio esperança: volume 1. Tradução de Nélio Schneider. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2005.

BLOCH, Ernst. Speranza e utopia: conversazioni 1964-1975. Tradução de Eliano Zigiotto. Milano: Mimesis, 2022.

DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução de Paulo Neves. Porto Alegre: L&PM, 2015.

FOUCAULT, Michel. O governo de si e dos outros: curso no Collège de France (1982 – 1983). Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. A Razão na História: Introdução à Filosofia da História Universal [1822;1830]. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1995.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução de Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

KANT, Immanuel. À paz perpétua: Um projeto filosófico. Tradução de Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2020.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Fernando Costa Mattos. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Prática. Tradução de Monique Hulshof. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

KANT, Immanuel. Conjectures sur les débuts de l’histoire humaine. In: PIOBETTA, Stéphane (Org.). Kant: la philosophie de l’histoire. Tradução de Stéphane Piobetta. Paris: Éditions Montaigne, 1947a, pp. 26-45.

KANT, Immanuel. Essai pour introduire en philosophie le concept de grandeur négative. 2. ed. Tradução de R. Kempf. Paris: Librarie Philosophique J. Vrin, 1991.

KANT, Immanuel. Ideia de uma História Universal de um ponto de vista cosmopolita. 3. ed. Tradução de Ricardo Ribeiro Terra. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

KANT, Immanuel. Le conflit des Facultés. In: PIOBETTA, Stéphane (Org.). Kant: la philosophie de l’histoire. Tradução de Stéphane Piobetta. Paris: Éditions Montaigne, 1947b, pp. 163-179.

KANT, Immanuel. Réponse à la question: qu’est-ce que “les lumières”?. In: PIOBETTA, Stéphane (Org.). Kant: la philosophie de l’histoire. Tradução de Stéphane Piobetta. Paris: Éditions Montaigne, 1947c, pp. 26-45.

LUKÁCS, Georg. História e Consciência de classe: estudos sobre a dialética marxista. Tradução de Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

LUKÁCS, György. Para uma ontologia do ser social I. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Boitempo, 2012.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Tradução de Álvaro Pina e Ivana Jinkings. São Paulo: Boitempo, 2010.

MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política; Livro I: o processo de produção do capital. Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

Arquivos adicionais

Publicado

2024-05-11

Como Citar

Duarte Araújo, A. (2024). Os recônditos da modernidade: história e utopia em Kant e Adorno. Aufklärung: Journal of Philosophy, 11(1), p.51–68. https://doi.org/10.18012/arf.v11i1.68029

Edição

Seção

Artigos