“Ela é boa de cuspir, maldita Geni!”: reflexões sobre violências contra os corpos dissidentes de travestis em Campo Grande/MS
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2020v29n1.47316Resumo
Este trabalho reflete, a partir de inúmeras condições de subalternização, as múltiplas violências dirigidas aos corpos dissidentes de travestis no Brasil. As reflexões do estudo partem de referenciais teórico-metodológicos decorrentes de uma perspectiva pós-colonial e de um feminismo pós-estruturalista, que consideram que as violências engendradas contra as travestis decorrem principalmente do fato de elas performatizarem uma identidade de gênero distinta em relação àquilo que determinada os seus sexos biológicos. Em suma, a pesquisa valeu-se da coleta de dados a partir de dois procedimentos: (I) investigação documental relacionada aos casos de mortes de travestis e transexuais no Brasil e; (II) cinco entrevistas com travestis em contextos de prostituição, na cidade de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. A análise dos dados revela o conjunto de violências diretas (agressões, espancamentos e mortes) e de violências indiretas (discriminações, além de negligências quanto à direitos básicos) contra as pessoas travestis no Brasil.