Gênero, raça, classe: as internas da seção esquirol para além da loucura
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2020v29n1.48729Resumo
Este trabalho analisa as práticas psiquiátricas e institucionais destinadas às mulheres loucas e pobres nas primeiras décadas da república brasileira, circunscreve o que era caracterizado como sendo a loucura feminina e reflete sobre como esta conceituação interage com outros discursos que definem o período. Para tanto, analisa 24 prontuários de pacientes transferidas do Hospital Nacional para a primeira instituição psiquiátrica exclusivamente feminina, a Colônia de Psicopatas do Engenho de Dentro. As informações destes documentos foram complementadas por outras, localizadas no Arquivo Nacional e no IPUB, como: memorandos, solicitações, relatórios e correspondências que narram aspectos cotidianos da colônia. A análise dos dados baseia-se no conceito de interseccionalidade, categoria que incorpora um dos eixos centrais da epistemologia feminista. Através dos resultados pode-se analisar a ação dos poderes institucionais interligados nos processos de tratamento dirigidos às mulheres internadas e o quanto eles refletem aspectos patriarcais, classistas e escravocratas da sociedade brasileira daquele momento.