Percursos cisheteronormativos da psicanálise e possibilidades das clínicas no século XXI
Palavras-chave:
Ideologia de gênero, Psicanálise, CisheteronormaResumo
Inspirado na proposta arqueogenealógica foucaultiana e na urgente necessidade de se debater cissexismos estruturais, este artigo problematiza implicações da teoria psicanalítica freudiana e lacaniana no sustento da ideia de que a neurose só se estabelece com a divisão cisgênera e heterossexual. Foram aqui debatidos trechos destas psicanálises na produção de conjunções discursivas cisheteronormativas, bem como na produção de problematizações à normalidade binária, cisgênera e heterossexual. Por fim, discutiram-se usos contemporâneos da primeira tópica freudiana no site do movimento Escola Sem Partido, usados para atacar o que lá se denomina ideologia de gênero. Resultados apontam para aplicações hodiernas da psicanálise, principalmente da primeira tópica freudiana, que corroboram com a manutenção da normalidade binária, cisgênera e heterossexual; da mesma forma, produtos da própria psicanálise, que ampliam as possibilidades da identidade, como a menção de Lacan à possibilidade de um terceiro sexo, a crítica lacaniana da condução freudiana do caso Dora, e a proposição lacaniana, contrária à economia doméstica aristotélica, de que a relação sexual não existe.