O Sonho da Sultana, a razão colonial e os feminismos em contextos islâmicos
Resumo
Resumo: Neste artigo, a obra de ficção científica O Sonho da Sultana, escrita no âmbito da especulação feminista por Rokeya Hossain, em 1905, será um pretexto para falarmos sobre o movimento de mulheres no início do século passado, seja aquele referente a uma nova e profícua produção intelectual seja a dos movimentos sociais dos quais elas foram participantes. Hossain é uma mulher muçulmana bengali nascida na grande Índia colonial, na região do que hoje seria Bangladesh. Considerada um importante expoente dos assim chamados “feminismo de primeira onda em contextos islâmicos”, as suas obras de ficção científica e ensaios a tornam uma figura de grande relevância para as insurgentes demandas por igualdade de gênero na região, e é ainda hoje uma figura importante do feminismo para o sudeste asiático. Exploraremos no presente artigo o contexto geopolítico colonial e nacional que imbuiu a imaginação criadora de Roquia Hossain tanto em suas obras de ficção quanto em sua participação política como agitadora intelectual, escritora, pensadora e fundadora de associações de mulheres, que também serão o substrato para suas obras de ficção. Deteremos-nos principalmente na obra O Sonho da Sultana, uma vez que está pode ser vista como uma das grandes obras utópicas feministas do início do século passado e cujos elementos sustentam ainda hoje projetos emancipatórios feministas decoloniais.
Palavras-chave: Rokeya Hossain; Feminismos islâmico, O Sonho da Sultana, Des-colonização.