Feminismos africanos: pelo direito de ser mulher em Rabhia
Palavras-chave:
Desejo, Opressão, Interseccional, Feminismos Africanos, Mulherismo AfricanaResumo
Em Rabhia (2017), de Lucílio Manjate, reflete-se sobre a condição de aviltamento do feminino em Moçambique. No caso específico do caleidoscópio moçambicano, muitas são as mulheres que performam o desejo como um vir-a-ser, decorrente de uma situação anterior de falta, ausência, marginalidade e exclusão. Ao contracenar com a prostituição, pobreza, e uma galeria de opressões cruzadas, conforme teorizado por Akotirene (2019), a personagem que dá título à obra, traz à lume os conceitos de alguns feminismos africanos, adotando-se, também, a variante Mulherismo Africana, para problematizar as distinções, aporias e alcance presentes nos inúmeros feminismos, em âmbito local, de cariz anticolonial e interseccional. Esta investigação pretende estudar a agência das mulheres moçambicanas em Rabhia (2017), a partir de uma perspectiva afrocentrada do pensamento, capaz de reconhecê-las como sujeitas da própria história, bem como de autonomearem-se e autodefinirem-se, enquanto (anti)heroínas da nação. Sob a perspectiva de McFadden (2016), Salo & Mama (2011), Casimiro (2007), Ebunoluwa (2009), Salami (2017), Nah Dove (1998), Hudson-Weems (1993), Oyěwùmí (2021), estudar os Feminismos Africanos e o Mulherismo Africana, respectivamente, implica compreender as políticas de gênero fora de uma tradição feminista eminentemente branca e europeizada, para dar lugar às experiências de mulheres negras, dentro de um paradigma afrocêntrico, abrangendo o ativismo e exaltando a cultura local como importante ferramenta de análise, para revelar uma visão de mundo antirracista, anticapitalista, antipatriarcal, antissexista e, sobretudo, antiocidentalocêntrica. Como principal resultado da presente análise, observa-se a emergência de novos imperativos contemporâneos para os feminismos africanos, os quais possuem relevância no cenário global, demonstrando-se a necessidade da urgente luta pelos direitos sociais e civis de mulheres interseccionais: pobres, pretas, cegas e putas em Moçambique.