Relações de poder e questões de gênero no continente africano: um estudo de caso
Resumo
O colonialismo foi um movimento que atingiu de diversas maneiras o continente africano. As esferas políticas, econômicas e ideológicas foram orquestradas para atender o projeto colonial, que envolveu pessoas guiadas por distintos interesses. Desse contato, surgiram relações múltiplas entre colonizadores e colonizados. Ao estabelecer hierarquias de poder, ocorreu a criação de malhas discursivas que fundamentaram estereótipos operados para definir, sobretudo de modo pejorativo, quem eram os sujeitos africanos. A conjuntura expressa representações de mulheres de maneira limitada e reduzida à visão colonial. Vários foram os casos em que mulheres foram retratadas de formas objetificadas, buscando atender a sociedade do espetáculo. Neste artigo serão visitados espaços de debates sobre estes temas, partilhando da perspectiva que o colonialismo precisa também ser analisado com teorias que abordam as relações de gênero. Concomitante, oferecemos uma leitura sobre a atuação militante de Miriam Makeba que foi proeminente em realizar uma arte que confrontou, de muitas maneiras, as narrativas coloniais, que representaram africanas e africanos. O movimento realizado por Miriam Makeba, será lido como parte das agências realizadas por sujeitos africanos diante das distintas situações de opressão que emergiram do contato colonial, a tempo que destacaremos a importância da representação para a criação de narrativas e a estruturação de espaços de poder.