Luamanda: corpo decolonial realinhando caminhos de volta
Palavras-chave:
Literatura Afro-brasileira, Estudos decoloniais, Literatura decolonial, Erotismo femininoResumo
Considerando a diversidade de significados, a Literatura Afro-brasileira tem papel relevante na construção histórica e identitária deste país por meio da multiplicidade de olhares e representações da/o negra/o ao longo de escritos e enquanto corpus. Imbuídos nessa discussão de entender a escrita como rompimento da estrutura colonial e descolonização de vozes dos sujeitos subalternos, esta pesquisa pretende discutir o conto Luamanda, do livro Olhos d`água (2016), cuja obra da autora Conceição Evaristo apresenta uma escrita que exterioriza subjetividades, sobretudo dos corpos das mulheres negras atravessados por vivências marcadas pela violência epistemológica entrecortada por eixos de opressão de gênero, raça e classe. Nessa perspectiva, a autora traz uma narrativa poética que representa temáticas que se relacionam a situações do cotidiano de personagens negras, discutindo temas como memória, racismo, existência e resistência. O conto Luamanda subverte a mesmidade das representações do corpo negro, tipificadas pela literatura canônica e confinadas ao pensamento colonizador dando-lhe centralidade e voz. A autora desalinha a estrutura colonial e reescreve as representações das mulheres bestificadas, objetificadas e com corpos hipersexualizados, (Lugones, 2014). Luamanda escreve suas vivências tornando-se protagonista da sua história e assim descoloniza a fala, o seu corpo e seus amores para além dos muros da violência. Neste sentido, este trabalho apresenta uma literatura que corrobora com teóricos dos estudos decoloniais dentre estes, Aníbal Quijano (2005), Bell Hooks (2019), Djamila Ribeiro (2019), Grada Kilomba (2019), Maria Lugones (2014), Walter D. Mignolo (2017), e outros para pensar este corpo textualizado, racializado e decolonial de mulher negra que se emancipa e transgride o pensamento hegemônico.