A ironia como estratégia discursiva para tratar de violência sexual em “Larvas e prodígios”, de Zulmira Tavares
Palavras-chave:
Ironia; violência sexual; literatura brasileira; autoria feminina.Resumo
O artigo propõe o estudo do conto “Larvas e prodígios”, publicado inicialmente na obra O mandril (1988) e republicado em Região (2012), de Zulmira Ribeiro Tavares. O objetivo da pesquisa consiste em refletir sobre o uso da ironia como estratégia discursiva para a abordagem da violência sexual praticada pelo protagonista da narrativa. Para tanto, recorro à fortuna crítica da artista, mais precisamente aos estudos de Guedes (2020), Schwarz (1987) e Massi (2012). Também busco subsídio em pesquisadoras que tratam das discussões sobre literatura escrita por mulheres e violência de gênero, quais sejam Schmidt (1995), Muzart (2004) e Segato (2003). E no trato da ironia como estratégia discursiva, parto do suporte teórico propiciado por Jankélévitch (1964), Duarte (1994), Pavis (1999), Minois (2003) e Hutcheon (2000). Como resultado do estudo, concluo que é por meio da ironia, do propor-se a contar um caso qualquer, entre prodígios tantos, que a autora constrói em poucos parágrafos uma narrativa de enorme potencial como crítica social e denúncia das injustiças que subjazem a sociedade brasileira das últimas décadas do século XX.