A Lisboa Africana de Orlanda Amarílis e Djaimilia Pereira de Almeida: uma análise feminista da “família ampliada” na diáspora
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1807-8214.2023v36n1.67303Palavras-chave:
Diáspora africana em Lisboa, Família ampliada, Orlanda Amarílis, Djaimilia Pereira de Almeida, Crítica literária feministaResumo
Neste artigo, analiso a diáspora africana retratada por Orlanda Amarílis e Djaimilia Pereira de Almeida, em Lisboa. Debato, a partir de obras delas, o conceito de “família ampliada” (Stuart HALL, 2003), uma importante rede de sociabilidades e de resistências que impacta positivamente a forma como as comunidades diaspóricas vivenciam a cidade pós-colonial. Analiso, por uma perspectiva feminista, como duas personagens mulheres – a narradora não nomeada do conto “Rodrigo” (AMARÍLIS, 1989) e a personagem Justina, de Luanda, Lisboa, Paraíso (PEREIRA DE ALMEIDA, 2019) – vivenciam a “família ampliada” e também a cidade de forma diferente da dos personagens homens. Essas diferenças podem envolver, por exemplo, a sobrecarga com tarefas domésticas, o medo de violências de gênero, o aprisionamento em comportamentos normativos e o desejo de anonimato. Por fim, defendo, a partir de reflexões de Chandra Mohanty (2003), que as ideias de família e lar, também na diáspora, precisam ser pensadas através de uma lente política, que leve em consideração fatores como gênero, raça e classe. Argumento que, assim como as narrativas tradicionais de lar e de família são contestadas e disputadas por teóricas feministas, o mesmo pode ser feito com a narrativa da “família ampliada”, ainda que este seja um conceito que parte de um lugar de resistência. Concluo que é importante refletir sobre esse conceito sobretudo a partir das lutas, dos conflitos, das rupturas e das transformações.