O BRINCANTE DEVOTO:

PERFORMATIVIDADES PRETAS COMO VIA DE INSURGÊNCIA E REENCONTRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v13i1.63072

Palavras-chave:

Estética Iorubá, Filosofia Iorubá, Teoria Teatral, Performances Pretas

Resumo

Neste artigo pretende-se estudar a performatividade como modo de vida partindo da perspectiva iorubá para trazer elementos de complementaridade que se constitui na recriação e ressignificação dos sentidos de mundo africano e diaspórico como referência teórica para o teatro brasileiro,  refletidos na cultura e nos modos de libertação e reencontro com princípios ontológicos dos povos negros, pensando as performatividades de Exu e sua atuação na ordem do mundo. Como mote suleador, proponho pensar a mística rebelde e brincante deste orixá, partindo do paradigma da travessia enquanto princípio fundante das criações estéticas e das teatralidades negras desde África e diáspora. Propõe-se elencar personagens e manifestações que refletem a  comicidade nas manifestações populares nestes territórios - Mamulengo, Folia de Reis e Boi do Maranhão  e a brincadeira do Cavalo Marinho - que, por vínculos históricos e culturais, estabelecem nas festividades seu ethos e projetos de vida oriundos das concepções entre o sagrado e a realidade na sua ritualização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Professora Ashanti Bintah, UFRJ

Ashanti Bintah, arte educadora, atuante em escolas públicas das periferias de São Paulo e projetos sociais voltados para o atendimento à população negra. Mestranda em Filosofia pela UFRJ no programa Gênero, Raça e Colonialidades. Mãe, artista visual, brincante e curiosa sobre os estudos de dança, teatro e performance, cultura da infância e cultura popular.

Referências

ABIMBOLA, Wande. A concepção iorubá da personalidade humana. Wande Abimbola. Tradutor Luiz L. Marins. Disponível em : https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/wande_abimbola_-_a_concep%C3%A7%C3%A3o_iorub%C3%A1_da_personalidade_humana.pdf . Acesso em 09/12/2021.

BENISTE, José. Dicionário Yorubá-Português. José Beniste. - Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2011.

BIDIMA, Jean-Godefroy. De la traversée: raconter des expériences, partager le sens. Jean-Godofroy Bidima. Tradução Gabriel Silveira de Andrade Antunes. Disponível em: https://filosofia-africana.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/jean-godefroy_bidima_-_da_travessia._contar_experi%C3%AAncias_partilhar_o_sentido.pdf. Acesso em 09/12/2021.

BLESSING, Akinyemi Yetunde. A Comparative Analysis of Olojo Festival under the Late Adesoji Aderemi and the Late Okunade Sijuwade Olubuse II. Journal of Pan African Studies, v. 12, n. 1, Institute of African Studies, University of Ibadan, Oyo state, Nigeria, 2018. Disponível em : https://www.jpanafrican.org/docs/vol12no1/12.1-3-Blessing%20(1).pdf Acesso em 15/06/21.

BLIER, Suzanne Preston. Art and risk in ancient Yoruba: Ife history, power, and identity, c. 1300. Suzanne Preston Blier. - Nova York: Cambridge University Press, 2017.

CABNAL, Lorena. Sanación: práticas de cura para o corpo, para a alma e para o mundo. Revista Outras Economias: alternativas ao capitalismo e o atual modelo de desenvolvimento. Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS), p. 35 a 39. Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: http://biblioteca.pacs.org.br/wp-content/uploads/2018/12/Outras-EconomiasPACS_WEB.pdf . Último acesso em 12/06/2022.

CARMO, Eliane Fátima B.M. História da África nos anos iniciais do ensino fundamental: os Adinkra. Eliane Carmo. - Salvador: Artegraf, 2016.

DAMATTA, Roberto. O carnaval como um rito de passagem. Roberto Damatta. In: Ensaios de antropologia estrutural. Petrópolis: Vozes, 1973.

DREWAL, Henry John et al. Gẹlẹdẹ: Art and female power among the Yoruba. Henry John Drewal e Margareth Thompson Drewal. - Bloomington e Indianapolis: Indiana University Press, 1983.

EUGENIO, Naiara Paula. Estética e filosofia da arte africana. Problemata: Revista Internacional de Filosofía, v. 11, n. 2, p. 112-123, 22 de Julho de 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/problemata/article/view/53634/30947. Acesso em: 15/06/2022.

KARENGA, Maulana. Making the past meaningful: KWANZAA and the concept of Sankofa. Revista: Reflections: Narratives of Professional Helping, v. 1, n. 4, p. 36-46, California State University Press. Long Beach, California, 2014. Disponível em: https://reflectionsnarrativesofprofessionalhelping.org/index.php/Reflections/article/view/261/122 . Acesso em 14/06/2022 .

KARENGA, Maulana. A função e o futuro dos estudos Africana: reflexões críticas sobre sua missão, seu significado e sua metodologia. In: Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. Elisa Larkin Nascimento (org.). São Paulo: Selo Negro, 2009.

LAWAL, Babatunde. The Gẹ̀lẹ̀dé spectacle: art, gender, and social harmony in an African culture. Babatunde Lawal. - Seattle e Londres: University of Washington Press, 1996.

LIGIÉRO, Zeca. Batucar-cantar-dançar: desenho das performances africanas no Brasil. Zeca Ligiéro. Aletria: revista de estudos de literatura, v. 21, n. 1, p. 133-146, 2011.

LIGIÉRO, Zeca. Motrizes culturais - do ritual à cena contemporâneo a partir do estudo de duas performances: Danbala Wedo (afro-brasileira, do Benin, Nigéria e Togo) e Sotzil Jay (Maia, da Guatemala). Zeca Ligiéro. - Karpa Journal: Los Angeles, California State University, v. 10, p. 1-26, 2017.

MARTINS, Leda. Performances do tempo espiralar. Performance, exílio, fronteiras: errâncias territoriais e textuais. Leda Martins. - Belo Horizonte: UFMG, p. 69-92, 2002.

MARTINS, Leda. Performances do tempo espiralar. Performance, exílio, fronteiras: errâncias territoriais e textuais. Leda Martins. - Belo Horizonte: UFMG, p. 69-92, 2002.

NASCIMENTO, Abdias do. O Negro revoltado. Abdias Nascimento. - Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

NOBLES. Wade. Sakhu Sheti: retomando e reapropriando um foco psicológico afrocentrado. In: NASCIMENTO, E. L. (Org.) Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009.

NOGUEIRA, Bàbá Sidnei e TELES, Omo Sango. Apresentação em Power Point. Curso online: Aprendendo Com a Encruzilhada. Instituto Ilê Ará. Plataforma Zoom. 06 e 07 de março de 2021.

ODOM, Glenn. Yorùbá Performance, Theatre and Politics: Staging Resistance. Glenn Odom. Reino Unido: Palgrave Macmillan, 2015.

OLUWOLE, Sophie Bosede. Socrates and Orunmila. Two Patron Saints of Classical Philosophy. - Lagos: Ark Publishers, 2014.

ÒNÀ, Olùkó Bàbá (Carlos Henrique Veloso). Aqui, Na Encruzilhada, Entôo Um Oríkì Fún Èsù. Olùkó Bàbá Ònà. - Encruzilhadas Filosóficas. Rio de Janeiro: Ape’Ku Editora e Produtora Ltda. 2020.

OYEYEMI, Abass Abiodun. Ogun Apotheosis And The Contexts Of Dramatic Performance In Olojo Festival Of Ile-Ife. Tese de Doutorado. Ekiti State: Department Of English And Literary Studies, Faculty Of Arts, Federal University Oyeekiti, 2017.

PAULA, Naiara; WER, Claudia. Filosofia Africana: um estudo sobre a conexão entre ética e estética. Naiara Paula e Claudia Wer. Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, v. 10, p. 128-138, 2019.

RIBEIRO, Ronilda Iyakemi e SÀLÁMÌ, Síkírù (King) . Exu e a ordem do universo. Iyakemi Ronilda Ribeiro e Siriku Sàlámì. São Paulo: Oduduwa, 2015.

SANTOS, Inaicyra Falcão dos. Corpo e Ancestralidade: Uma Configuração Estética Afro-Brasileira. Repertório, Salvador, nº 24, p.79-85, 2015.1

UNIÃO DOS COLETIVOS PAN AFRICANISTAS . Beatriz Nascimento, Quilombola e Intelectual: Possibilidade nos dias da destruição. Coletânea organizada e editada pela UCPA. Editora Filhos da África, 2018.

Downloads

Publicado

21-06-2022

Edição

Seção

Dossiê especial - ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE AFRICANA