Florística e fitossociologia em floresta estacional decidual na Paraíba, nordeste do Brasil

Autores

  • Joel Maciel Pereira Cordeiro
  • Bartolomeu Isarael de Souza
  • Leonardo Pessoa Felix

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1981-1268.2017v11n1.33245

Palavras-chave:

Agreste, Caatinga, Matas Secas, Unidades de Conservação.

Resumo

A Caatinga apresenta ampla diversidade de espécies vegetais, com elevadas taxas de endemismo. Embora os estudos florísticos neste bioma tenham aumentado significativamente nas últimas décadas, existe ainda a necessidade de ampliação desses trabalhos e adoção de estratégias conservacionistas, especialmente nas suas áreas do limite leste. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar os parâmetros florísticos e fitossociológicos registrados em um fragmento de Floresta Estacional Decidual localizada no município de Serra da Raiz, Agreste da Paraíba, região Nordeste do Brasil. Para tanto, foi utilizado o método dos quadrados, onde foram empregadas 50 parcelas de 10 x 20 m (200 m2), totalizando 10,000 m2 (1,0-ha). O fragmento de mata amostrado apresentou 1583 indivíduos pertencentes a 53 espécies e 22 famílias botânicas. O índice de diversidade de Shannon-Weaver foi de 3.196 nats.ind.1 e o índice de equabilidade de Pielou foi de 0.80. Estes valores indicam maior similaridade florística do fragmento de mata com outras áreas do Agreste paraibano. A área basal total foi 7.822 m²/ha1, enquanto a altura média e o diâmetro médio foram de 4.1 m e 6.7 cm, respectivamente. Estes valores indicam que o fragmento florestal encontra-se em processo de regeneração natural, com tendência de perturbação antrópica para exploração madeireira. O registro de espécies que constam na lista da flora brasileira ameaçada de extinção, como Myracrodruon urundeuva Allemão e Astronium fraxinifolium Schott., aliados a outros fatores, justificam a necessidade da criação de uma unidade de conservação ambiental na região pesquisada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Albuquerque UP, Araújo EL, El-Deir ACA, Lima ALA, Souto A, Bezerra BM, Ferraz EMN, Freire EMX, Sampaio EVSB, Las-Casas FMG, Moura GJB, Pereira GA, Melo JG, Ramos MA, Rodal MJN, Schiel N, Lyra-Neves RM, Alves RRN, Azevedo-Junior SM, Telino Junior WR e Severi W. Caatinga Revisited: Ecology and Conservation of an Important Seasonal Dry Forest. The Scientific World Journal, DOI: 10.1100/2012/205182. 2012.

Alcoforado-Filho FG, Sampaio EVSB e Rodal MJN. 2003. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia espinhosa arbórea em Caruarú, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, 17(2): 287–303.

Almeida Neto JX, Andrade AP, Lacerda AV, Felix LP e Bruno RLA. 2009. Composição florística, estrutura e análise populacional do feião-bravo (Capparis flexuosa L.) no semiárido paraibano, Brasil. Revista Caatinga, 22: 187–194.

Amazonas NT e Barbosa MRV. 2011. Levantamento florístico das angiospermas em um remanescente de Floresta Atlântica Estacional na microbacia hidrográfica do rio Timbó, João Pessoa, Paraíba. Revista Nordestina de Biologia, 20(2): 67–78.

Amorim IL, Sampaio EVSB e Araújo EL. 2005. Flora e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea de uma área de caatinga do Seridó, RN, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19(3): 615–623.

Andrade LA, Oliveira FX, Neves CML e Felix LP. 2007. Análise da vegetação sucessional em campos abandonados no agreste paraibano. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 2(2): 135–142.

Andrade-Lima DA. 1981. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, Rio de Janeiro: 4(1): 149–163.

Angiosperm Phylogeny Group. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the order and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, 161: 105–121.

Araújo EL, Castro CC e Albuquerque UP. 2007. Dynamics of Brazilian Caatinga – A Review Concerning the Plants, Environment and People. Functional Ecosystems and Communities, 1(1): 15–28.

Barbosa MRV, Thomas WW, Zárete ELP, Lima RB, Agra MF, Lima IB, Pessoa MCR, Lourenço ARL, Delgado Júnior GC, Pontes RAS, Chagas ECO, Viana JL, Gadelha Neto PC, Araújo CMLR, Araújo AAM, Freita GB, Lima JR, Silva FO, Vieira LAF, Pereira LA, Costa RMT, Duré RC e Sá MGV. 2011. Checklist of the vascular plants of the Guaribas Biological Reserve, Paraiba, Brazil. Revista Nordestina de Biologia, 20(2): 79–106.

Brito A, Ferreira MZ, Mello JM, Scolforo JRS, Oliveira AD e Acewrbi FW. 2007. Comparação entre os métodos de quadrantes e PRODAN para análises florística, fitossociológica e volumétrica. Revista Cerne, 13(4): 399–405.

Carvalho DA, Oliveira-Filho AT, Van Den Berg E, Fontes MAL, Vilela EA, Marques JJGSM e Carvalho WAC. 2005. Variações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma floresta ombrófila alto-montana às margens do Rio Grande, Bocaina de Minas, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 19(1): 91–109.

Cordeiro JMP, Almeida EM, Araújo JP, Souza BI e Felix LP. 2015. Levantamento florístico preliminar da caatinga sublitorânea na Paraíba, Nordeste do Brasil. Geografia, Rio Claro, 40(2): 241–257.

Cunha MCL, Silva Júnior MC e Lima RB. 2013. A flora lenhosa na floresta estacional semidecídua montana do Pico do Jabre, PB. Agrária - Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 8(1): 130–136.

Duque JG. O Nordeste e as lavouras xerófilas. 2004. 4. ed. Banco do Nordeste do Brasil, Fortaleza, BR.

Fabricante JR e Andrade LA. 2007. Análise estrutural de um remanescente de caatinga no Seridó paraibano. Oecologia Brasiliensis, 11(3): 341–349.

Feliciano MLM e Melo RB. 2003. Atlas do Estado da Paraíba: informações para gestão do patrimônio natural. SEPLAN/IDEME/APAN/UFPB, João Pessoa, BR.

Ferraz EMN, Rodal MJN, Sampaio EVSB e Pereira RCA. 1998. Composição florística em trechos de vegetação de caatinga e brejo de altitude na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Revista brasileira de Botânica, São Paulo 21(1): 7–15.

Forzza RC, Baumgratz JFA, Bicudo CEM, Canhos DAL, Carvalho Júnior AA, Coelho MAN, Costa AF, Costa DP, Hopkins MG, Leitman PM, Lohmann LG, Lughadha EN, Maia LC, Martinelli G, Menezes M, Morim MP, Peixoto AL, Pirani JR, Prado J, Queiroz LP, Souza S, Souza VC, Stehmann JR, Sylvestre LS, Walter BMT e Zappi D. 2012. New Brazilian floristic list highlights conservation challenges. BioScience, 62(1): 39–45.

Gentry AH. 1995. Diversity and floristic composition of Neotropical dry forests. In: Bullock SH, Mooney HA e Medina E. (Ed.). Seasonally dry forests. Cambridge University Press, Cambridge, UK. p.146–194.

Giulietti AM, Bocage Neta AL, Castro AAJF, Gamarra-Rojas CFL, Sampaio EVSB, Virgínio JF, Queiroz LP, Figueiredo MA, Rodal MJN, Barbosa, M. R. V. e Harley, R. M. 2004. Diagnóstico da vegetação nativa do bioma Caatinga. In: Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca MT e Lins LV. (Orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Editora Universitária da UFPE, Recife, BR. p. 47–90.

Giulietti AM, Harley RM, Queiroz LP, Wanderley MG e Van Den Berg C. 2005. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade, 1(1): 52–61.

Gonzaga APD, Oliveira-Filho AT, Machado ELM, Hargreaves P e Machado JNM. 2008. Diagnóstico florístico-estrutural do componente arbóreo da floresta na serra de São José, Tiradentes, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 22(2): 505–520.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2012. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. IBGE, Rio de Janeiro, BR.

Kurtz BC e Araújo DSD. 2000. Composição florística e estrutura do componente arbóreo de um trecho de Mata Atlântica na Estação Ecológica Estadual do Paraíso, Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia, 51: 69–112.

Lacerda AV, Barbosa FM, Soares JJ e Barbosa MRV. 2010. Floristic composition of shrubby-arboreal component in three riparian vegetation areas in the State of Paraiba, semiarid region, Brazil. Biota Neotropica, 10(4): 275–284.

Lopes CGR, Ferraz EMN e Araújo EL. 2008. Physiognomic-strutural characterization of dry- and humid-forest fragments (Atlantic Coastal Forest) in Pernambuco state, NE Brazil. Plant Ecol, 198: 1–18.

Mendes BV. Biodiversidade e desenvolvimento sustentável do semi‐árido. 1997. SEMACE, Fortaleza, BR.

MMA – Ministério do Meio Ambiente. 2008. Instrução Normativa Nº 06, de 23 de Setembro de 2008. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/recursos-florestais/documentos/lista-oficial-de-especies-brasileiras-ameacadas-de-extincao>. Acesso em 14 Mar. 2012.

Mogni VY, Oakley LJ e Prado DE. 2015. The distribution of woody legumes in Neotropical Dry Forest: the Pleistocene Arc Theory 20 years on. Edinburg Journal of Botany, 72(1): 35–60.

Mueller-Dombois D e Ellenberg H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. Jonh Wiley & Sons, New York, US.

Oliveira FX, Andrade LA e Félix LP. 2006. Comparações florísticas e estruturais entre comunidades de floresta ombrófila aberta com diferentes idades, no município de Areia, PB, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 20(4): 861–873.

Overbeck GE, Vélez-Martin E, Scarano FR, Lewinsohn TM, Fonseca CR, Meyer ST, Müller SC, Ceotto P, Dadalt L, Durigan G, Ganade G, Gossner MM, Guadagnin DL, Lorenzen K, Jacobi CM, Weisser WW e Pillar VD. 2015. Conservation in Brazil needs to include non-forest ecosystems. Diversity and Distributions, 21: 1455-1460.

Pereira IM, Andrade LA, Costa JRM e Dias JM. 2001. Regeneração natural em um remanescente de caatinga sob diferentes níveis de perturbação, no agreste paraibano. Acta Botanica Brasilica, 15(3): 413–426.

Pereira IM, Andrade LA, Barbosa MRV e Sampaio EVSB. 2002. Composição florística e análise fitossociológica do componente arbustivo-arbóreo de um remanescente florestal no Agreste paraibano. Acta Botanica Brasilica, 16(3): 357–369.

Pereira MS e Alves RRN. 2007. Composição florística de um remanescente de Mata Atlântica na área de Proteção Ambiental Barra do Rio Mamanguape, Paraíba, Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra, 7(1): 1–10.

Pereira Júnior LR, Andrade AP e Araújo KD. 2012. Composição florística e fitossociológica de um fragmento de Caatinga em Monteiro, PB. HOLOS, 28(6): 73–87.

Pessoa LM, Pinheiro TS, Alves MCJL, Pimentel RMM e Zickel CS. 2009. Flora lenhosa em um fragmento urbano de Floresta Atlântica em Pernambuco. Revista de Geografia, Recife, 26(3): 247–262.

Prado DE e Gibbs PE. 1993. Patterns of species distributions in the dry seasonal forests of South America. Annals of the Missouri Botanical Garden, 80: 902–927.

Prado DE. 2000. Seasonally dry forests of tropical South America: from forgotten ecosystems to a new phytogeographic unit. Edinburgh Journal of Botany, 57: 437–461.

Prado DE. 2003. As caatingas da América do Sul. In: Leal IR, Tabarelli M e Silva JMC. (Ed.). Ecologia e conservação da caatinga. Editora Universitária da UFPE, Recife, BR. p. 3–73.

Ribeiro EMS, Arroyo-Rodríguez V, Santos BA, Tabarelli M e Leal IR. 2015. Chronic anthropogenic disturbance drives the biological impoverishment of the Brazilian Caatinga vegetation. Journal of applied Ecology, 52: 611–620.

Riegelhaupt EM e Pareyn FGC. 2010. A questão energética. In: Gariglio MA, Sampaio EVSB, Cestaro LA e Kageyama PY. (Orgs.). Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da caatinga. Serviço Florestal Brasileiro, Brasília, BR. p. 65-75.

Riegelhaupt E, Pareyn FGC e Bacalini P. 2010. O manejo florestal na Caatinga: resultados da experimentação. In: Gariglio MA, Sampaio EVSB, Cestaro LA e Kageyama PY. (Orgs.). Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da caatinga. Serviço Florestal Brasileiro, Brasília, BR. p. 256–275

Rodal MJN, Sampaio EVSB e Figueiredo MA. (Orgs.). 1992. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico - ecossistema Caatinga. Sociedade Botânica do Brasil, Brasília, BR.

Rodal MJN, Lucena MFA, Andrade KVSA e Melo AL. 2005. Mata do Toró: uma floresta estacional semidecidual de terras baixas no nordeste do Brasil. Hoehnea, 32(2): 283–294.

Sampaio EVSB. 2010. Características e potencialidades. In: Gariglio MA, Sampaio EVSB, Cestaro LA e Kageyama PY. (Orgs.). Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da caatinga, Serviço Florestal Brasileiro, Brasília, BR. p.29–48.

Santana JAS e Souto JS. 2006. Diversidade e estrutura fitossociológica da caatinga na Estação Ecológica do Seridó-RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra, 6(2): 232–242.

Shepherd GJ. 1995. FITOPAC 1. Manual do usuário. Universidade de Campinas, Campinas, BR.

Silva JMC, Tabarelli M e Fonseca MT. 2004. Áreas e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade na Caatinga. In: Silva JMC, Tabarelli M, Fonseca MT e Lins LV. (Orgs.). Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a conservação. Editora Universitária da UFPE, Recife, BR. p. 350–374.

Silva LA e Soares JJ. 2002. Levantamento fitossociológico em um fragmento de floresta estacional semidecídua no município de São Carlos, SP. Acta Botanica Brasilica, 16(2): 205–206.

Souza VC e Lorenzi H. 2012. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3. ed. Instituto Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, BR.

Souza BI, Suertegaray DMA e Lima ERV. 2011. Evolução da desertificação no Cariri paraibano a partir da análise das modificações na vegetação. Geografia, Rio Claro, 36(1): 193–207.

Travassos IS e Souza BI. 2014. Os negócios da lenha: indústria, desmatamento e desertificação no Cariri paraibano. GeoUsp, 18(2): 329–340.

Trovão DMBM, Freire ÁM e Melo JIM. 2010. Florística e fitossociologia do componente lenhoso da mata ciliar do Riacho de Bodocongó, semiárido paraibano. Revista Caatinga, 23(2): 78–86.

Van Den Berg E e Oliveira-Filho AT. 2000. Composição florística e estrutura fitossociológica de uma floresta ripária em Itutinga, MG, e comparação com outras áreas. Revista brasileira de Botânica, 23(3): 231–253.

Werneck FP, Costa GC, Colli GR, Prado DE e Sites Junior JW. 2011. Revisiting the historical distribution of Seasonally Dry Tropical Forest: new insight based on palaeodistribution modelling and palynological evidence. Global Ecology and Biogeography, 20: 272–288.

Downloads

Publicado

2017-03-31

Como Citar

CORDEIRO, J. M. P.; SOUZA, B. I. de; FELIX, L. P. Florística e fitossociologia em floresta estacional decidual na Paraíba, nordeste do Brasil. Gaia Scientia, [S. l.], v. 11, n. 1, 2017. DOI: 10.22478/ufpb.1981-1268.2017v11n1.33245. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/gaia/article/view/33245. Acesso em: 17 abr. 2024.

Edição

Seção

Ciências Ambientais