Da prática para o ensino e deste para a pesquisa. Ou não? Sobre heranças, desafios e perspectivas da tradução alemão/português no Brasil
Mots-clés :
formação de tradutores, interação teoria e prática de traduçãoRésumé
Neste estudo, dividido em três partes, procuro, num primeiro momento, lançar um olhar retrospectivo sobre os caminhos da tradução alemão/português no Brasil. Essa mirada me ajuda a localizar e a sequenciar os domínios da prática, do ensino e da pesquisa, nessa ordem: de uma prática intermitente, desenvolvida desde meados do séc. XIX, aproximadamente, até sua sistematização parcial numa praxiologia por volta da década de 1970; desta para a demanda (e a resposta a ela) na constituição quase concomitante de cursos voltados à formação de tradutores; e desse momento de institucionalização do ensino para os primeiros contornos de uma pesquisa brasileira em tradução. Na costura dessas etapas, enxergo o evoluir das relações entre as habilidades linguísticas e as tradutórias, de um lado, mas também as transformações do conceito de traduzir, de outro, resultante das interações com áreas afins, em especial com os estudos linguísticos, literários, culturais e com a pesquisa sobre linguagens de especialidade. Num segundo momento, mais sincrônico, reconheço e saúdo a diversidade de abordagens sobre a questão da tradução nos diferentes níveis de formação e domínios de atuação, mas questiono tanto a desproporção de importância atribuída a cada domínio, quanto a posição, a meu ver secundária, da importância reservada aos conhecimentos das línguas envolvidas (o alemão e o português) e o processo de submissão aos ditames de um mercado e aos entraves de uma política educacional que privilegia a produtividade, muitas vezes à custa da qualidade da formação. Por fim, ensaio alguns prognósticos sobre áreas de formação e de pesquisa auspiciosas e, mesmo reconhecendo a autonomia dos domínios aqui abordados, pleiteio a exploração de interfaces entre eles e o reconhecimento (e a aceitação) de características locais como o único caminho viável para a consolidação de um campo disciplinar que, ao mesmo tempo, reflita um Brasil plural e responda, nem sempre em concordância, aos desafios de um mundo cada vez mais globalizado.
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